Candidatura de Kamala Harris em risco: queda de apoio entre árabes-americanos pode ameaçar eleição nos EUA durante escalada no Oriente Médio.



A atual competição eleitoral nos Estados Unidos ganha nuances complexas devido à escalada de tensões no Oriente Médio, especialmente no que se refere ao posicionamento da candidata democrata, Kamala Harris. Com as eleições se aproximando, os índices de apoio à vice-presidente entre árabes-americanos e muçulmanos, bem como entre eleitores progressistas e jovens, estão em queda acentuada. Esse fenômeno se intensifica especialmente em estados cruciais como Michigan, onde a candidata viu sua intenção de voto recuar consideravelmente em comparação com o candidato republicano Donald Trump.

Recentes pesquisas indicam que a taxa de intenção de voto de Harris em Michigan caiu de 50% em setembro para 47% em outubro, enquanto Trump avançou para 50%. Este cenário é alarmante, pois Michigan abriga uma grande população árabe-americana, o que torna a sua posição fundamental para qualquer candidato que almeje a Casa Branca. A polarização da opinião pública parece refletir insatisfações com a postura de Harris em relação às operações militares de Israel, que continuam em Gaza e no Líbano, e que têm resultado em numerosas perdas civis.

Os analistas argumentam que a virada conservadora de Harris, refletida em sua retórica mais dura em temas de imigração e seu alinhamento com Israel, tem impactado negativamente suas chances com um eleitorado tradicionalmente democrata. O contexto atual, marcado por uma política externa que alguns interpretam como negligente em relação aos direitos humanos, desencadeou descontentamento entre eleitores, que se sentem traídos pela posição da administração sobre os conflitos no Oriente Médio.

O internacionalista Martín Falco destaca que a política do governo Biden em relação ao Oriente Médio, incluindo a continuidade do apoio militar a Israel, se torna um ponto crítico na eleição. Determinados eleitores árabes e muçulmanos, em Michigan, representando cerca de 4% da população do estado — o que corresponde a aproximadamente 200 mil eleitores potenciais — expressam sua frustração em relação à administração atual e mostram simpatia por candidatos alternativos que desafiam a narrativa do Partido Democrata.

Falco ressalta que se esse eleitorado decidir migrar seu apoio, a vitória de Trump em Michigan, onde a margem de vitória foi de apenas 10 mil votos em 2016, se tornará uma possibilidade concreta. Portanto, a ascensão de Harris nas intenções de voto precisa ser reavaliada à luz desse cenário, uma vez que a capacidade de atrair e manter o apoio de grupos clássicos democratas está em jogo, especialmente em um momento em que o debate sobre a política externa e seus desdobramentos se intensifica.

A intersecção entre política interna e externa não é novidade, mas a maneira como Harris navega por esses desafios pode definir seu futuro político e, potencialmente, o do Partido Democrata nas eleições de 2024.

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