Camaricultura em Alagoas: Água Salobra transforma desafios em oportunidades para agricultores do Agreste e gera milhões em faturamento.

Revolução na Carcinicultura: Água Salobra Gera Oportunidades em Alagoas

Na zona rural de Alagoas, a água salobra, antes considerada um impedimento para a agricultura, transformou-se em um novo recurso. Regiões como Arapiraca, Coité do Noia, Igaci e Limoeiro de Anadia estão colhendo os frutos do que muitos viam como um desperdício. Essa água, imprópria para o consumo humano devido à sua salinidade, tornou-se uma base promissora para a criação de camarões, oferecendo novas perspectivas econômicas aos produtores.

A carcinicultura em Alagoas tem mostrado um crescimento significativo, com a produção de quase 230 toneladas de camarão no último ciclo, resultando em um faturamento bruto de R$ 5,3 milhões. Essa transformação ganhou força a partir da iniciativa do engenheiro de pesca Iury Amorim, que retornou ao estado em 2016 após um mestrado no Paraná. Iury lançou o primeiro tanque de criação de camarões em Arapiraca, desafiando a desconfiança de quem o cercava. “Muita gente dizia que era impossível, até minha mãe questionava o que um engenheiro de pesca poderia fazer na região”, relata.

Com o tempo, a ousadia de Iury deu frutos. Hoje, ele preside a Associação dos Criadores de Camarão de Alagoas (Accal), que conta com 200 associados. Ele explica que os primeiros tanques serviram como um laboratório para desenvolvê-los e adaptá-los à realidade local, estabelecendo práticas que originaram a carcinicultura no Agreste de Alagoas.

No entanto, essa jornada não foi isenta de desafios. O setor enfrentou dificuldades severas nos anos de 2019 e 2020 devido à pandemia, que levou ao fechamento de barracas e restaurantes – principais consumidores do produto. Em 2021, a situação se agravou com a doença da mancha branca, que dizimou a produção de camarões. Apesar desses altos e baixos, a resiliência dos produtores foi crucial. Hoje, Iury enfatiza que “a produção de camarão trouxe novas oportunidades para o sertanejo”, destacando a eficácia das técnicas que lhes permitiram cultivar camarões o ano todo.

No povoado Poção, mais de 20 produtores estão se aventurando na carcinicultura. Eles têm recebido assistência técnica através do Programa de Cooperação Técnica (PCT), uma parceria entre a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Sebrae e o Ministério da Pesca. Esse programa visa fortalecer a aquicultura familiar, permitindo um aprimoramento nas práticas de cultivo e gestão. Iury ressalta que a visita de especialistas tem trazido melhorias significativas ao seu projeto.

O diretor-presidente do Sebrae Alagoas, Domício Silva, elogia os avanços causados pela atividade. Para ele, a carcinicultura está abrindo novas perspectivas para pequenos agricultores, demonstrando que é possível inovar mesmo em condições antes consideradas inadequadas. O PCT não só abrangeu a cadeia produtiva do camarão, mas também incluiu criatórios de peixes em diversas localidades, proporcionando um mapeamento das condições do setor na região.

Os resultados do programa, que culminou em uma reunião técnica e visitas de campo, vão além do simples auxílio inicial. Eles têm potencial para moldar futuras políticas e práticas de aquicultura em Alagoas. A colaboração entre entidades como a FAO e o Sebrae mostra que o trabalho em conjunto pode transformar realidades, abrindo caminho para um futuro sustentável e próspero para a região.

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