A situação financeira da Eletronuclear, responsável pela operação das usinas, está crítica. O auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), André Carneiro, revelou que a empresa recorreu a empréstimos de curto prazo, comparando sua situação a um consumidor preso ao crédito rotativo do cartão de crédito. Para prolongar a vida útil de Angra 1, seriam necessários investimentos da ordem de R$ 3 bilhões, um montante que a Eletronuclear ainda não consegue assegurar.
Uma proposta para a recuperação financeira seria a emissão de debêntures no valor de R$ 2,4 bilhões, cujo sucesso dependeria de uma decisão do Supremo Tribunal Federal sobre um acordo entre a Eletrobras e a União. Essas indefinições, juntamente com as obras de Angra 3, que permanecem paralisadas há mais de dez anos e consomem cerca de R$ 1 bilhão anualmente, colocam a solvência da Eletronuclear em risco iminente.
A questão dos rejeitos nucleares também foi abordada durante a audiência. Atualmente, os resíduos provenientes das usinas e de diversas indústrias são mantidos em depósitos provisórios, cuja capacidade é limitada. A criação do Centro Tecnológico Nuclear e Ambiental, conhecido como projeto Centena, prometia oferecer uma solução definitiva, inicialmente prevista para 2013, mas cuja nova expectativa de conclusão foi adiada para 2030.
Além das preocupações com a segurança nuclear, o TCU também apontou problemas em obras públicas, como a BR-040, que apresenta indícios de irregularidades. A CMO está avaliando a situação, embora uma nova licitação para concessão já tenha sido realizada este ano.
Diante de um contexto de incertezas e riscos, o futuro da energia nuclear no Brasil e a capacidade de gerenciar rejeitos se mostram desafiadores, exigindo decisões rápidas e eficazes das autoridades competentes.
