A implementação plena da CBS e do Imposto Seletivo está prevista para 2027, mas o ano de 2025 será crucial para os debates sobre as regulamentações pendentes. Essas discussões permitirão que, em 2026, o Tribunal de Contas da União (TCU) homologue os cálculos do IBS e da CBS até o dia 15 de setembro, forçando o Senado a votar a resolução final até 31 de outubro. Na base da reforma, existe uma previsão de alíquotas de referência somadas para o IBS e a CBS que não ultrapassem 26,5%, valor que será debatido anualmente para manter a carga tributária inalterada.
José Evande Carvalho Araújo, consultor legislativo da Câmara, destacou que tanto estados quanto municípios terão a flexibilização para ajustar suas alíquotas de referência do IBS, podendo alterá-las através de legislações próprias. “Dentro da autonomia de cada ente, eles podem adotá-la ou não. Quem ficar com a alíquota de referência vai ser aquele valor. Mas se quiser, os entes, estados, municípios e a própria União podem, por lei própria, mudar essa alíquota de referência”, esclareceu Araújo.
A reforma também contempla a possibilidade de estados e municípios aumentarem, por meio de legislações próprias, a devolução de impostos prevista no projeto – o chamado cashback – destinado a beneficiar as camadas mais pobres da população, com uma devolução mínima estipulada em 20%.
Além disso, o Consórcio da Receita Federal e o Comitê Gestor do IBS terão que regulamentar aspectos operacionais dos novos tributos, como a implementação do sistema “tax free” para turistas estrangeiros. “A questão do tax free e a própria regulamentação de tudo isso que está na lei complementar virá em um regulamento tanto do comitê gestor quanto da CBS. No caso, o que valer para os dois vai ser um ato conjunto. É lá que vai ser regulamentado”, afirmou o consultor.
Ainda segundo Araújo, apesar da complexidade envolvida, as normas que surgirão terão uniformidade entre União, estados e municípios – uma mudança significativa comparada à atual multiplicidade de legislações estaduais e municipais, que frequentemente divergem em suas especificidades.
Durante audiências públicas na Câmara dos Deputados, técnicos do governo revelaram que estão trabalhando na viabilidade do mecanismo de “split payment” para 2026, o que permitirá a empresas compradoras de insumos obter crédito imediato dos impostos pagos aos fornecedores, preparando o terreno para um sistema tributário mais eficiente e integrado.
Reportagem – Silvia Mugnatto
Edição – Roberto Seabra