CAMARA DOS DEPUTADOS – Reforma Administrativa: Servidores Expressam Temores e Demandam Garantias Durante Audiência na Câmara dos Deputados

A Reforma Administrativa em Debate: Conflitos entre Direitos e Eficiência

Na Câmara dos Deputados, o clima é de tensão e apreensão à medida que se discute uma nova reforma administrativa, especialmente entre os representantes dos servidores públicos. Durante uma audiência pública, essas vozes se uniram para expressar suas preocupações sobre um tema que historicamente, nas últimas décadas, sempre suscitou receios de cortes de direitos trabalhistas. Em contrapartida, empresários defendem a necessidade de uma reforma que vise melhorar a qualidade dos serviços públicos.

Rudinei Marques, presidente do Fórum Permanente de Carreiras Típicas de Estado, manifestou reservas sobre o que ele considera um viés fiscal desse debate. Segundo ele, as reformas frequentemente discutem reduções de gastos, sacrificando direitos em prol de uma suposta eficiência financeira. Citando um ex-presidente uruguaio, Marques lembrou que muitas vezes os interesses dos mais privilegiados são priorizados em detrimento das políticas sociais, que beneficiam as camadas mais vulneráveis da população.

O deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), coordenador do grupo de trabalho responsável pela proposta, foi enfático ao afirmar que não há planos de retirar direitos dos servidores. Ele prometeu que a estabilidade e os direitos atuais seriam mantidos, ressaltando a importância dos servidores como agentes de transformação no Estado, não como os vilões da situação. “Precisamos de um Estado melhor, não necessariamente maior ou menor”, enfatizou.

Os representantes dos servidores concordaram que o projeto de reforma deve garantir a estabilidade e regulamentar direitos como a negociação coletiva e o direito de greve, além de promover um regime jurídico único para a contratação de novos servidores. Celso Malhani de Souza, da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital, defendeu a contratação exclusiva por meio de concurso público, alertando que qualquer flexibilização poderia enfraquecer a moralidade dentro do serviço público.

Por outro lado, o presidente da Central Brasileira do Setor de Serviços, João Batista Diniz Júnior, argumentou pela necessidade de privatizações e parcerias público-privadas (PPPs) como alternativas para melhorar a eficiência do setor. Ele acredita que estas medidas podem trazer resultados positivos em áreas cruciais, como saúde e educação.

Outro aspecto debatido foi a necessidade de implementar avaliações de desempenho como um critério para a progressão na carreira dos servidores. André Luiz Sacconato, representante da Confederação Nacional do Comércio, defendeu que essa prática é essencial para premiar os bons funcionários públicos, essencial para a melhoria dos serviços essenciais à população.

Por fim, um ponto em comum surgiu entre representantes dos servidores e o setor produtivo: a necessidade de limitar os chamados super salários, especialmente no Judiciário. Essa questão foi considerada uma das chaves para a moralização das contas públicas e, segundo Rodrigo Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, trata-se de uma questão moral que deve ser debatida com urgência.

Com as divergências em pauta, o futuro da reforma administrativa permanece incerto, mas o desejo de uma administração pública mais eficiente e justa é um objetivo que une diferentes setores da sociedade.

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