A nota técnica também aponta para uma mudança nos resultados das contas públicas no período de 2025 a 2028. Mesmo com a inclusão de superávits menores, o cenário apresentado ainda seria melhor do que o alcançado entre 2020 e 2023. Os consultores afirmam que as metas propostas representam um cenário mais factível, embora estejam distantes do que é projetado por analistas de mercado.
No entanto, os próprios consultores trabalham com diferentes números para o período em questão. Enquanto o governo fala em equilíbrio em 2025 e superávits nos anos seguintes, a nota indica cenários com déficits nos anos seguintes. Essa discrepância nos números pode comprometer a trajetória de estabilização da dívida pública, afetando as políticas públicas no curto prazo.
Entre os motivos apontados para o desempenho das contas públicas, estão a pressão com o pagamento integral dos precatórios, o restabelecimento das vinculações constitucionais aos gastos mínimos com saúde e educação, e a valorização do salário mínimo real pelo PIB. Os consultores alertam que esses gastos obrigatórios aumentarão a rigidez orçamentária, dificultando a implementação de outras políticas públicas.
Além disso, a nota destaca que o governo não considerou nas projeções as potenciais despesas obrigatórias decorrentes dos fundos compensatórios criados na reforma tributária. Esses fundos terão impacto significativo nas despesas públicas a partir de 2043, o que pode comprometer a trajetória de ajuste fiscal proposta pelo governo.
Diante desse cenário, a nota técnica alerta para a necessidade de revisão das projeções apresentadas e para a adoção de medidas que garantam a sustentabilidade das contas públicas no longo prazo. A incerteza em relação às previsões de arrecadação e aos gastos obrigatórios reforça a importância de uma análise criteriosa e de uma gestão responsável dos recursos públicos para evitar crises financeiras no futuro.