Câmara dos Deputados proíbe presença da imprensa em sessão após confusão, gerando críticas e preocupações sobre liberdade de imprensa e transparência legislativa.

A sessão da Câmara dos Deputados marcada para esta quarta-feira (10) está sendo considerada histórica, mas não pela trama legislativa em si. Em uma decisão controversa, o presidente da Casa, Hugo Motta, determinou a exclusão da imprensa do plenário, uma medida que desencadeou um intenso debate sobre a liberdade de expressão e a transparência nas instituições públicas. O veto à presença de jornalistas aconteceu após uma série de desentendimentos na sessão anterior, evidenciando um clima tenso que se instalou no Legislativo.

A deputada Talíria Petrone, do PSOL, foi uma das vozes mais destacadas a criticar a decisão. Em declarações feitas diretamente de Brasília, ela asseverou que a proibição fere princípios básicos da democracia. Petrone enfatizou a importância dos jornalistas como guardiões da informação e da transparência. “Os profissionais da imprensa são fundamentais para o acompanhamento dos trabalhos legislativos e, ao serem barrados, estamos assistindo a um ataque direto à democracia”, declarou. Ela ainda acrescentou que o PSOL está solicitando a presença da presidenta nacional do partido, Paula Coradi, em uma sessão que poderá resultar na cassação do mandato do deputado Glauber Braga.

O episódio que resultou na restrição da imprensa ocorreu na terça-feira (9), quando Glauber Braga, ao assumir de forma intempestiva a presidência da Câmara, gerou uma série de tumultos, levando à suspensão da transmissão ao vivo da TV Câmara. Durante essa confusão, jornalistas foram removidos do plenário por policiais legislativos, que, segundo relatos, também teriam agredido alguns profissionais. A cena gerou uma onda de indignação e revolta entre os colegas da imprensa e diversas entidades representativas, que condenaram a ação como um acinte à liberdade de imprensa.

Entidades como a Abert, Aner e ANJ se manifestaram em nota conjunta, considerando a atuação da Câmara uma violação inaceitável da liberdade de imprensa. Os grupos afirmaram que “o impedimento do trabalho de jornalistas e o corte de sinal da TV Câmara são incompatíveis com o exercício da liberdade de imprensa” e alertaram para os perigos que tal precedente representa à transparência nas ações do Legislativo. Essa situação levanta questionamentos sobre até onde vão os limites do autoritarismo nas instituições e qual será o impacto dessa decisão sobre a relação entre a mídia e o poder legislativo.

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