As reações à promulgação da lei foram variadas, trazendo à tona o embate entre diferentes setores políticos e sociais do país. Pedro Lupion, coordenador da Frente Parlamentar da Agropecuária, comemorou a nova lei, criticando o presidente Lula por não sancionar o complemento da lei do marco temporal. Lupion afirmou que apesar do empenho do Congresso Nacional em colocar mais de 350 votos na derrubada dos vetos, o presidente se recusou a promulgar a lei, demonstrando desrespeito pela instituição e abrindo espaço para futuras batalhas judiciais.
Por sua vez, membros da oposição e defensores dos povos indígenas, como a deputada Célia Xakriabá, expuseram argumentos culturais, humanitários e ambientais contra o marco temporal. Xakriabá classificou a tese como anti-civilizatória e prejudicial para os povos indígenas, enfatizando que estes desempenham um papel crucial na preservação do meio ambiente.
A polêmica em torno do marco temporal não se restringe apenas ao aspecto político e cultural, mas também econômico. O deputado Nilto Tatto, coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, afirmou que as novas exigências de sustentabilidade socioambiental no mercado internacional poderão trazer dificuldades para as exportações do agronegócio brasileiro. Tatto criticou a postura da bancada ruralista e defendeu a importância de respeitar o direito dos povos indígenas, alertando para as consequências negativas que a falta de clareza na direção da Frente Parlamentar da Agropecuária pode trazer para o país.
A promulgação dos vetos derrubados da lei estabelece critérios detalhados para a demarcação de terras indígenas, definindo os requisitos para o cumprimento das novas regras. A ausência da comunidade indígena nas áreas pretendidas antes de 5 de outubro de 1988 é um fator que pode descaracterizar o enquadramento das terras como tradicionalmente ocupadas.
Diante desse cenário, questões políticas, culturais, ambientais e econômicas se entrelaçam, evidenciando a complexidade e a sensibilidade do tema do marco temporal e da demarcação das terras indígenas no Brasil. À medida que o debate se intensifica, a busca por soluções que atendam aos interesses de diferentes setores da sociedade torna-se ainda mais urgente e desafiadora.