CAMARA DOS DEPUTADOS – Presidente da Conafer é ouvido em CPI sobre fraudes no INSS e nega irregularidades enquanto denuncia “ressurreição” de assinaturas de aposentados mortos.

No dia 29 de setembro de 2025, o presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, foi convocado a prestar depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes relacionadas a benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Durante a audiência, Lopes afirmou não ter conhecimento sobre diversas acusações feitas pelo relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar, do União-AL.

A Conafer está em foco por ser uma das entidades que apresenta altos índices de descontos em mensalidades de aposentados. Gaspar destacou o crescimento significativo das arrecadações da entidade, que saltaram de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões, exatamente no período em que houve um aumento nos descontos indevidos dos benefícios previdenciários.

Um dos momentos mais dramáticos do depoimento ocorreu quando Gaspar questionou Lopes sobre a prática da Conafer em enviar fichas de adesão de pessoas já falecidas. O relator afirmou que, em 2023, foram identificados 2.083 casos de “ressurreições” em assinaturas. Lopes, em tom irônico, contrabalançou a acusação com uma indagação sobre o INSS, insinuando que a prática de pagamentos a falecidos também poderia ser problemática.

Durante a audiência, Lopes demonstrou desconhecimento em relação a várias questões apresentadas, incluindo um movimentação financeira de quase R$ 2 milhões em suas contas em um curto período e eventuais ligações entre sua esposa e licitações fraudulentas. Ele também contestou uma avaliação da Controladoria-Geral da União (CGU), que estima que a Conafer arrecadou R$ 800 milhões de aposentados, afirmando que o valor real estaria entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões.

Em sua defesa inicial, Lopes se apresentou como um opositor a práticas corruptas, destacando que a Conafer, desde sua criação em 2004, busca representar os agricultores familiares, atuando em cerca de 2.950 municípios e pagando mais de R$ 80 milhões em tributos federais. Contudo, o relator da CPMI permaneceu focado nas investigações sobre o uso da entidade para enriquecimento ilícito, ressaltando que todos os entrevistados até o momento afirmaram que a Conafer havia fornecido informações falsas em suas autorizações. A investigação continua e suscita preocupações quanto à transparência e à legalidade das operações da entidade.

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