A Conafer está em foco por ser uma das entidades que apresenta altos índices de descontos em mensalidades de aposentados. Gaspar destacou o crescimento significativo das arrecadações da entidade, que saltaram de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões, exatamente no período em que houve um aumento nos descontos indevidos dos benefícios previdenciários.
Um dos momentos mais dramáticos do depoimento ocorreu quando Gaspar questionou Lopes sobre a prática da Conafer em enviar fichas de adesão de pessoas já falecidas. O relator afirmou que, em 2023, foram identificados 2.083 casos de “ressurreições” em assinaturas. Lopes, em tom irônico, contrabalançou a acusação com uma indagação sobre o INSS, insinuando que a prática de pagamentos a falecidos também poderia ser problemática.
Durante a audiência, Lopes demonstrou desconhecimento em relação a várias questões apresentadas, incluindo um movimentação financeira de quase R$ 2 milhões em suas contas em um curto período e eventuais ligações entre sua esposa e licitações fraudulentas. Ele também contestou uma avaliação da Controladoria-Geral da União (CGU), que estima que a Conafer arrecadou R$ 800 milhões de aposentados, afirmando que o valor real estaria entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões.
Em sua defesa inicial, Lopes se apresentou como um opositor a práticas corruptas, destacando que a Conafer, desde sua criação em 2004, busca representar os agricultores familiares, atuando em cerca de 2.950 municípios e pagando mais de R$ 80 milhões em tributos federais. Contudo, o relator da CPMI permaneceu focado nas investigações sobre o uso da entidade para enriquecimento ilícito, ressaltando que todos os entrevistados até o momento afirmaram que a Conafer havia fornecido informações falsas em suas autorizações. A investigação continua e suscita preocupações quanto à transparência e à legalidade das operações da entidade.