Um dos projetos de lei aprovados na área da ciência e tecnologia em dezembro de 2023 foi o que normatiza a exploração de atividades espaciais no território brasileiro, prevendo a atuação do setor privado. Isso inclui, inclusive, a participação do setor privado em ações de Defesa. O deputado Cleber Verde (MDB-MA) foi o responsável pelo substitutivo do Projeto de Lei 1006/22, originalmente proposto pelo deputado Pedro Lucas Fernandes (União-MA).
De acordo com o substitutivo de Cleber Verde, o operador espacial privado terá representação jurídica no Brasil e poderá realizar atividades espaciais tanto por meio de parceria com o setor público quanto por meio de autorização, permissão ou cessão. Essas atividades poderão ser de natureza privada ou pública, e poderão atuar tanto em atividades de Defesa quanto em atividades civis.
Entretanto, as atividades espaciais civis que comprometam a segurança ou a defesa nacional serão acompanhadas pela Autoridade Espacial de Defesa, que ficará a cargo do Comando da Aeronáutica. O projeto também limita a abrangência da lei a 13 tipos de atividades, incluindo a decolagem de veículos lançadores a partir do território brasileiro, o desenvolvimento de artefatos espaciais no território nacional, o turismo espacial, a exploração de corpos celestes e a remoção de detritos espaciais.
Além disso, o projeto prevê que a exploração das atividades pela União poderá ocorrer de forma direta ou indireta, com dispensa de licitação, incluindo a exploração econômica da infraestrutura espacial e das atividades espaciais e os serviços vinculados. Caberá à Agência Espacial Brasileira (AEB), na condição de Autoridade Espacial Civil, estabelecer normas para a execução de atividades espaciais civis.
Em resumo, o projeto aprovado pela Câmara dos Deputados representa um avanço significativo na regulamentação das atividades espaciais no Brasil, abrindo portas para a participação do setor privado nesse setor estratégico. A proximidade com as atividades espaciais possibilita a inserção do Brasil em um mercado global em expansão, além de fortalecer a capacidade de Defesa do país.
A reportagem foi assinada por Eduardo Piovesan, com edição de Rodrigo Bittar.