A senadora Professora Dorinha Seabra, do União-TO, destacou, em seu discurso, a insatisfação com a escassa visibilidade do papel das mulheres na economia global, evidenciada no documento final da cúpula do BRICS em Kasan, na Rússia, que mencionou o tema em apenas 6 dos 134 parágrafos. “Durante todo o período de funcionamento do BRICS, frequentemente fomos ignoradas em nossos países e nas declarações coletivas”, lamentou a senadora. Ela ainda comentou sobre a desproporcionalidade da representação feminina nos parlamentos do bloco, onde apenas dois países apresentam paridade ou maioria feminina nas câmaras legislativas, enquanto a maioria conta com menos de 30% de mulheres em cargos políticos.
Em relação à educação, Dorinha Seabra observou que, apesar do Brasil apresentar mais mulheres do que homens no ensino superior, a atuação delas ainda é reduzida em áreas como ciências exatas e tecnologia, refletindo a exclusão em setores, muitas vezes considerados masculinos. Além disso, ressaltou a importância da cota de 30% de candidaturas femininas ao Congresso, que ainda enfrenta tentativas de eliminação.
A deputada Dandara, do PT-MG, por sua vez, sugeriu que o Brasil utilize sua presidência no BRICS para apresentar propostas que considerem a raiz estrutural da desigualdade de gênero, vinculada à divisão sexual do trabalho e à exclusão econômica das mulheres. Ela ressaltou que “não há sustentabilidade sem justiça racial” e que é preciso desenvolver políticas públicas sensíveis às diversidades de gênero, raça e classe.
Ademais, a deputada Coronel Fernanda, procuradora da mulher na Câmara, enfatizou a necessidade de políticas voltadas à saúde feminina. Cifras alarmantes da Organização Pan-Americana de Saúde revelam que 712 mulheres morrem diariamente devido a complicações relacionadas à gravidez, sendo 94% dessas mortes ocorrendo em países de baixa e média renda. “É urgente garantir acesso universal à saúde, especialmente em comunidades vulneráveis”, defendeu.
A parlamentar indiana Shabari Byreddy reforçou que o empoderamento feminino deve ser encarado como um requisito para o progresso nacional, destacando iniciativas em seu país que ampliam o acesso ao crédito e à habitação para mulheres. Zandile Majozi, da Assembleia Nacional da África do Sul, também se manifestou sobre as barreiras estruturais que ainda predominam no mercado de trabalho, onde preconceitos e desigualdade salarial limitam as oportunidades para mulheres.
Diante das diversas vozes unidas na luta pela equidade de gênero, o encontro no BRICS se reafirma como um momento crucial para o fortalecimento e promoção dos direitos das mulheres nas pautas políticas globais.