Segundo Salles, testemunhos e documentos apresentados à CPI comprovam abusos contra assentados e privilégios de dirigentes do MST. Além disso, o relator acusou o movimento de se apropriar de recursos públicos. Salles enfatizou que “as narrativas trazidas aqui indicaram nominalmente, factualmente, desvios de conduta não desprezíveis”.
Durante a reunião, Salles citou três casos de violência que teriam sido relatados por ex-integrantes do MST. Um deles ocorreu em Goiás, onde um integrante do MST teve o dedo amputado ao ser expulso de um assentamento. Na Bahia, um militante teria sido retirado a chutes de sua área e, no Distrito Federal, também houve um caso de expulsão violenta de um integrante do assentamento.
Em sua defesa, João Pedro Stedile argumentou que o MST adota medidas para coibir irregularidades, como a liderança colegiada. Ele ressaltou que pessoas mal-intencionadas podem ingressar nos acampamentos para “tirar vantagem”. No entanto, Stedile afirmou que, em caso de crimes, estes devem ser levados à Justiça.
Stedile ainda destacou que o MST conta atualmente com 5 mil assentamentos e 500 mil famílias. Ele defendeu que é impossível saber o que acontece em todos eles, afirmando que “nem Jesus Cristo” teria essa capacidade.
Além das acusações de irregularidades e violência, Salles também citou um relatório da Controladoria-Geral da União que apontou que associações e cooperativas do MST receberam cerca de R$2 bilhões de reais de forma irregular. A controladoria identificou ainda a destinação de R$2,8 bilhões para pessoas do movimento que não teriam direito aos recursos.
Por outro lado, a deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR) sustentou que essas acusações nunca foram comprovadas e que o objetivo de Salles sempre foi criminalizar o movimento dos sem-terra.
Salles garantiu que em seu relatório final apontará os autores dos desvios e que os ex-integrantes do MST fizeram denúncias contundentes à CPI, com nomes, datas e fatos.
A CPI do MST continua investigando as acusações e busca esclarecer os problemas apontados pelo relator Ricardo Salles.