Os depoimentos foram solicitados pelos deputados Diego Garcia (Republicanos-PR) e Kim Kataguiri (União-SP), que alegaram a invasão de três fazendas de cultivo de eucalipto da empresa Suzano pelo MST. Segundo Kataguiri, as fazendas invadidas são produtivas e fornecem matéria-prima para as atividades da empresa.
A audiência pública foi realizada no plenário 6 e teve início às 14 horas. Os parlamentares buscaram esclarecer os fatos relacionados às invasões e entender a posição do ex-presidente do Incra e do diretor-executivo da Suzano diante da situação.
Essa não é a primeira vez que a CPI ouve depoimentos sobre as invasões promovidas pelo MST. No início do mês, o líder da Frente Nacional de Luta no Campo e Cidade, José Rainha Júnior, foi convocado como testemunha e acabou ameaçado de prisão por contradições em suas respostas.
Outro depoimento relevante foi o do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, que relacionou as invasões ocorridas em propriedades rurais no Pontal do Paranapanema (SP) a partidos políticos de esquerda.
Além disso, a CPI já ouviu o ex-presidente do Incra, Francisco Graziano Neto, que defendeu a suspensão do programa de reforma agrária até que a situação dos assentamentos atuais seja regularizada. Por outro lado, o professor José Geraldo de Souza Junior defendeu a reforma agrária como um processo necessário para a democratização da sociedade brasileira.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, também prestou depoimento e afirmou que o governo vai retomar a demarcação de terras para assentamentos da reforma agrária. No entanto, o relator da CPI, Ricardo Salles, expressou preocupação com a viabilidade desses planos devido à falta de recursos.
A CPI, instalada em maio deste ano, tem como objetivo investigar as invasões promovidas pelo MST. Presidida pelo deputado Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), a comissão possui um prazo de 120 dias para concluir os trabalhos, podendo ser prorrogado por mais 60 dias mediante requerimento assinado por um terço dos deputados.
Porém, na semana passada, Ricardo Salles anunciou que desistiu de pedir a prorrogação dos trabalhos, que estão previstos para encerrar em 14 de setembro. A decisão de Salles levantou questionamentos sobre a capacidade da CPI de obter todas as informações necessárias para conclusão do inquérito.