CAMARA DOS DEPUTADOS – Indústria nacional e importação de pneus: debate na Câmara gera polêmica sobre competitividade e impacto econômico.

Na última semana, a Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados foi palco de um intenso debate envolvendo produtores de borracha, fabricantes nacionais de pneus, caminhoneiros e importadores do produto. O grande tema em discussão foi a crescente participação de pneus importados no mercado brasileiro, em detrimento dos produtos nacionais.

De acordo com os dados apresentados durante a audiência pública, nos últimos quatro anos houve um aumento significativo na participação de pneus importados no mercado nacional. Para veículos de carga, essa participação subiu de 15% para 47%, e para veículos de passeio, de 27% para 62%. Os principais países de origem desses pneus importados são China, Vietnã, Índia e Malásia, que oferecem preços mais baixos do que os produzidos no Brasil, com reduções de até 20% nos últimos dois anos.

A indústria nacional, representada pela Associação Nacional da Indústria de Pneus (Anip), solicita o aumento da tarifa de importação para garantir a competitividade dos produtos fabricados no país. A proposta em análise pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) é o aumento da alíquota de importação de 16% para 35%.

Segundo dados apresentados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), esse aumento da tarifa resultaria em um incremento de 16,4% nos preços dos pneus importados. No entanto, a projeção é de que esse impacto tenha uma repercussão mínima no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), variando entre 0,03% e 0,05%.

Para a CNI, a medida de aumentar a taxa de importação teria impactos positivos na economia, evitando a queda na produção nacional de pneus e gerando um aumento de R$ 8,9 bilhões no PIB nacional por ano, além de gerar 105 mil empregos adicionais e R$ 3,7 bilhões em salários.

Durante a reunião, o presidente-executivo da Anip, Klaus Curt Muller, ressaltou a importância de uma competição justa, destacando que o Brasil é o único país do ocidente a reunir produção de pneus e borracha natural em seu território. Muller enfatizou que a concorrência desleal dos pneus importados representa uma ameaça à indústria nacional.

Em contrapartida, o representante da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Pneus (Abidip), Ricardo Alípio da Costa, argumentou que a importação é uma resposta à falta de capacidade da indústria nacional em atender a demanda interna. Costa pediu sensibilidade em relação aos impactos que um aumento de tarifa poderia ter sobre setores como caminhoneiros, taxistas e motoristas de aplicativo.

Diante do cenário apresentado, o debate na Comissão de Viação e Transportes evidenciou a complexidade da situação e a necessidade de encontrar um equilíbrio que proteja a indústria nacional, garanta empregos e promova a competitividade do mercado de pneus no Brasil. O deputado Zé Trovão (PL-SC) ressaltou a importância do debate para os caminhoneiros autônomos do país e afirmou a viabilidade de buscar uma solução equilibrada e justa para todas as partes envolvidas.

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