Durante a primeira audiência da comissão mista que analisa a MP, Padilha ressaltou que o programa é uma resposta urgente a um quadro alarmante: anualmente, cerca de 370 mil pessoas falecem devido a doenças não transmissíveis, muitas das quais poderiam ser tratadas se diagnosticadas a tempo. O ministro expressou confiança na capacidade do Brasil de estabelecer uma rede pública robusta para prevenção, diagnóstico e tratamento de câncer, citando o sucesso do programa nacional de transplantes como um modelo a ser seguido.
O “Agora Tem Especialistas” contempla dez ações principais, entre elas o credenciamento de instituições privadas e a ampliação dos horários de atendimento nas unidades de saúde pública. Um ponto notável da proposta é a troca de dívidas de hospitais privados com a União por atendimentos ao SUS, uma estratégia que promete aliviar a carga financeira sobre essas instituições, que acumulam débitos que chegam a quase R$ 40 bilhões.
A iniciativa se concentra em seis áreas prioritárias, incluindo oncologia, ginecologia, cardiologia, ortopedia, oftalmologia e otorrinolaringologia. Dados do estudo Demografia Médica 2025 indicam que apenas 10% dos médicos atuam exclusivamente pelo SUS, ressaltando a necessidade de expandir e diversificar a oferta de atendimento.
Os parlamentares, durante a audiência, sugeriram a inclusão de especialidades adicionais, como endocrinologia e terapia ocupacional. Padilha destacou que a lista atual foi elaborada em colaboração com estados e municípios, mas está aberta a aprimoramentos.
Com um investimento previsto de R$ 2 bilhões por ano, o ministro declarou que um novo modelo de pagamento, superior à tabela do SUS, será implementado. Além disso, ele anunciou que hospitais que atendam ao SUS poderão receber pacientes de outras categorias para reduzir as filas de espera.
Por fim, o presidente da comissão, deputado Yury do Paredão, expressou seu otimismo quanto ao potencial do programa, afirmando que ele pode ser decisivo para o governo, trazendo inovação e dignidade ao SUS. O relator da proposta, senador Otto Alencar, corroborou que a MP tem o poder de estreitar a relação entre especialistas e pacientes, promovendo um atendimento mais eficaz.
Ainda, Padilha abordou o impacto das recentes medidas tarifárias dos Estados Unidos na saúde brasileira, indicando que o governo busca maneiras de minimizar dependências externas e proteger o mercado nacional.