Fábio Augusto Vieira, que era o comandante das tropas nesse dia, alegou que não responderia às perguntas dos deputados e senadores por não ter tido acesso aos documentos que fazem parte do inquérito que apura a omissão da PM do Distrito Federal durante a prática dos atos de vandalismo na Praça dos Três Poderes.
Durante o depoimento, o militar falou sobre os 30 anos de carreira na PMDF, destacando que nunca respondeu a processos, teve elogios na ficha profissional e não foi comandante por indicação política. Ele ressaltou que sempre defendeu a ordem pública, impedindo depredações e vandalismo em diversas ocasiões.
Fábio Augusto Vieira se disse consternado pelos atos de 8 de janeiro, classificando os invasores como terroristas e vândalos. Ele explicou que não estava no comando da operação na Esplanada dos Ministérios, afirmando que o comandante-geral não possui o comando tático da operação, dado que não tem todas as informações necessárias. Segundo ele, a operação no dia 8 de janeiro estava a cargo dos comandantes setoriais.
Apesar do apelo feito pela relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), para que o depoente falasse, Fábio Augusto Vieira decidiu permanecer em silêncio, mas se comprometeu a retornar à comissão em outra oportunidade, após ter acesso à documentação do inquérito, para esclarecer os fatos.
Durante o depoimento, foram confrontadas mensagens de celular trocadas entre o ex-comandante e outros integrantes do alto escalão da PM do Distrito Federal em relação a opiniões sobre a vitória do presidente Lula e que fazem referências ao golpe de 1964. No entanto, o militar não respondeu a essas perguntas.
O habeas corpus do STF provocou diferentes interpretações entre os membros da CPMI. Enquanto alguns entendiam que o depoente tinha o direito ao silêncio, outros acreditavam que as garantias não eram diferentes dos depoimentos anteriores.
O presidente da comissão, deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), considerou a expressão “direito de não dizer a verdade” como uma afirmação objetiva e discordou da decisão do ministro do STF, mas se comprometeu a cumpri-la.
A reunião da CPMI continuará no plenário 2 da ala Nilo Coelho, no Senado. Mais informações serão divulgadas posteriormente.