CAMARA DOS DEPUTADOS – Ex-assessor do TSE revela direcionamento em monitoramento de redes sociais durante eleição, citando alvo em Carla Zambelli e influência de Alexandre de Moraes.

No dia 17 de setembro de 2025, durante uma sessão virtual da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), revelou a existência de direcionamento no monitoramento de redes sociais durante as eleições de 2022. Segundo Tagliaferro, esse direcionamento tinha como alvos pessoas associadas à direita, e os pedidos de vigilância partiram do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

O depoimento de Tagliaferro é parte do processo que visa a cassação da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP). Como ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no TSE, Tagliaferro está em meio a uma investigação devido ao suposto vazamento de mensagens de colegas que trabalham no gabinete de Moraes. Em 2023, ele foi exonerado e, no ano seguinte, mudou-se para a Itália, onde enfrenta um pedido de extradição em função de suas atividades no Brasil.

Carla Zambelli, atualmente presa na Itália, aguarda o julgamento de sua extradição. Juntamente com o hacker Walter Delgatti Neto, Zambelli foi condenada por invadir o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e por inserções fraudulentas de mandados de prisão e alvarás de soltura. Além de sua condenação, Zambelli também perdeu seu mandato parlamentar.

Em sua fala, Tagliaferro destacou que Zambelli estava entre os principais focos de monitoramento, indicando que existia uma clara intenção persecutória contra ela. “Posso apresentar e-mails e conversas que evidenciam que a ordem era ‘vamos pegar ela’”, afirmou o ex-assessor. Ele indicou que os pedidos de monitoramento sobre figuras públicas eram frequentes e se concentravam em indivíduos de grande influência nas redes sociais, que frequentemente criticavam as urnas e os membros do Judiciário.

Durante a audiência, o deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS) questionou Tagliaferro sobre possíveis revelações adicionais que ele possui. Em resposta, Tagliaferro alegou que tentou levar suas informações à mídia, mas não obteve atenção, afirmando não confiar em órgãos de investigação que supostamente estão sob a influência de Moraes. Ele também revelou que recebeu uma proposta do governo dos Estados Unidos para compartilhar essas informações.

Em nota divulgada no início de setembro, o ministro Alexandre de Moraes defendeu a legitimidade das solicitações ao TSE para investigar disseminação de notícias falsas e ações de milícias digitais, argumentando que a Corte tem autoridade para elaborar relatórios sobre atividades ilícitas.

Esse complexo caso, envolvendo altos membros do Judiciário e figuras políticas, continua a se desdobrar, levantando questões cruciais sobre a liberdade de expressão, a supervisão das redes sociais e os limites das investigações em contextos eleitorais.

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