No dia 15 de agosto de 2023, o Grupo de Trabalho (GT) da Câmara dos Deputados sobre Política de Combate à Violência nas Escolas realizou uma audiência pública para debater caminhos que possam contribuir para a redução dos índices de violência registrados nos últimos anos. Especialistas ouvidos durante a audiência ressaltaram a importância do acompanhamento e intervenção precoces para garantir a saúde mental dos estudantes e a segurança no ambiente escolar.
Uma pesquisa realizada pela Unicamp revelou que, dos 33 ataques a escolas brasileiras ocorridos nos últimos 23 anos, 18 deles aconteceram entre 2022 e 2023. Telma Vinha, coordenadora da pesquisa, destacou o perfil dos indivíduos responsáveis por esses crimes, afirmando que são adolescentes usuários de uma cultura extremista que se articulam em servidores e comunidades online que incentivam a violência. Segundo ela, essas articulações ocorrem tanto em perfis abertos quanto em comunidades e servidores que requerem link de acesso.
Durante a audiência, Emmanuel Cavalcanti, representante do Conselho Federal de Medicina (CFM), que também é psiquiatra, ressaltou a importância das famílias estarem atentas aos primeiros sinais de que a saúde mental dos estudantes está em risco. Ele defendeu a necessidade de campanhas de saúde pública que possam garantir intervenções imediatas nos primeiros indícios de adoecimento, a fim de prevenir o agravamento da doença.
Pedro Bicalho, presidente do Conselho Federal de Psicologia (CFP), cobrou o cumprimento da Lei 13.935/19, que garante a presença de profissionais de psicologia e serviço social na educação básica brasileira. Ele destacou que, mesmo quatro anos após a implementação da lei, apenas 85 dos 5 mil municípios brasileiros cumpriram essa determinação.
O GT sobre a política de combate à violência no ambiente escolar está visitando escolas que foram vítimas de ataques nos últimos anos. A deputada Luisa Canziani (PSD-PR), relatora do grupo, ressaltou a necessidade de soluções provenientes de diversas áreas para resolver o problema e garantir um ambiente mais seguro para a comunidade escolar. Segundo ela, é preciso exercer o espírito de liderança na escuta, compreendendo os desafios e traumas enfrentados, e buscando respostas que levem em consideração a diversidade de situações.
Essas questões estão sendo discutidas com o objetivo de encontrar soluções para combater a violência nas escolas e promover a segurança e o bem-estar dos estudantes. Através de intervenções precoces, cumprimento da legislação e cooperação entre diferentes áreas, espera-se alcançar um ambiente escolar mais seguro e propício para o desenvolvimento educacional e emocional dos estudantes.
Reportagem – Mariana Przytyk
Edição – Rachel Librelon
