A sacerdotisa Mariângela de Mendonça da Silva, conhecida como Mametu Ria Nkise Luandyanzambi, do terreiro Rompe Mato, destacou que os terreiros de candomblé não são apenas espaços de cura, mas também de resistência das comunidades afrodescendentes. Ela ressaltou a importância dos terreiros como locais de acolhimento e partilha igualitária de alimentos, promovendo assim a irmandade e a cura.
Eloá Silva de Moraes, coordenadora-geral de Políticas para Comunidades Tradicionais do Ministério da Igualdade Racial, defendeu o investimento público para apoiar as tradições ancestrais. A coordenadora informou que o ministério destinou cerca de R$ 1,5 milhão para políticas de segurança alimentar voltadas às comunidades tradicionais de matriz africana e aos povos de terreiro.
Durante o debate, a deputada Erika Kokay (PT-DF) enfatizou a importância de proteger a espiritualidade africana e apresentou o Projeto de Lei 1279/22, que propõe a criação do marco legal dos povos e comunidades tradicionais de matriz africana. A deputada ressaltou a necessidade de preservar a ancestralidade e a cultura africana, que foram impactadas pela escravidão e pelo distanciamento forçado de sua terra natal.
Tata Ngunzetala, ativista presente no evento, acrescentou que a herança africana ultrapassa os limites geográficos atuais e que a cultura dos povos de Angola influenciou um território mais amplo do que o atualmente atribuído ao país. Ele destacou a resistência das tradições africanas no Brasil e a importância de reconhecer e preservar essa herança cultural.
Em resumo, o debate na Comissão de Direitos Humanos destacou a importância dos terreiros de candomblé para a segurança alimentar e a promoção da igualdade e da cultura africana no Brasil, ressaltando a necessidade de combater a intolerância religiosa e proteger as tradições ancestrais.