Lycurgo apresentou uma detalhada análise dos custos anuais, os quais se distribuem em três principais categorias: R$ 800 milhões destinados ao pagamento de financiamentos contraídos para a construção da usina; R$ 120 milhões para a manutenção dos equipamentos já adquiridos; e R$ 100 milhões em salários para os funcionários contratados especificamente para o projeto. Ele destacou a importância de decisões rápidas, afirmando: “O pior tipo de investimento em infraestrutura é aquele que está parado, porque gera apenas gastos, sem retorno.”
O panorama financeiro da Eletronuclear também foi um foco da audiência. O presidente da companhia revelou que já foi solicitado aos bancos financiadores—Caixa Econômica Federal e BNDES—um “waiver”, uma espécie de pedido para adiar o pagamento de dívidas até 2026. O deputado Julio Lopes (PP-RJ), que solicitou a audiência, propôs que a Comissão de Minas e Energia interceda junto aos bancos para facilitar a aprovação desse adiamento. Lopes se comprometeu a levar a proposta ao presidente da comissão, Diego Andrade.
A usina de Angra 3, localizada na Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, no litoral do Rio de Janeiro, possui 67% da obra concluída e, quando finalizada, deverá gerar 1,4 gigawatts, o dobro da capacidade de Angra 1. Um estudo recente do BNDES, solicitado pela Eletronuclear, estimou que a retomada das obras demandaria R$ 23 bilhões, um montante apenas um pouco superior ao custo de abandono total da obra, que ficaria em R$ 21 bilhões.
A Eletronuclear, assim como a ENBPar, que é a empresa controladora da estatal, não dispõe dos recursos necessários para arcar com uma possível paralisação definitiva da obra, o que poderia resultar em um ônus ao contribuinte, conforme mencionado por Lycurgo. A continuidade do projeto aguarda a deliberação do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Durante a audiência, Marcelo Leite Freire, representante do Tribunal de Contas da União (TCU), ressaltou que a inação pode representar o maior risco para o projeto. Por sua vez, Francisco Rondinelli Junior, presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), também defendeu a conclusão de Angra 3, lembrando que é essencial diversificar a matriz elétrica nacional com investimentos em usinas que proporcionem geração contínua e estável de energia.