Cúpula dos Povos se Prepara para a COP 30 com Foco em Participação Popular
No dia 3 de julho de 2025, a Câmara dos Deputados foi o palco de um importante debate sobre a participação da sociedade civil na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP 30, marcada para ocorrer em Belém, no Pará, entre 10 e 21 de novembro. A audiência, organizada pelas comissões de Meio Ambiente, Legislação Participativa e da Amazônia, contou com a presença de organizações sociais e populares que buscam mobilizar um público de mais de 15 mil pessoas para a Cúpula dos Povos, evento paralelo à COP.
O evento, que será realizado na Universidade Federal do Pará (UFPA) entre os dias 12 e 16 de novembro, reunirá cerca de 700 entidades com pautas que promovem a defesa intransigente do meio ambiente. Entre as demandas apresentadas estão a luta pela recuperação de áreas degradadas, o plantio de alimentos livres de agrotóxicos e o reconhecimento dos territórios de povos tradicionais. Ayala Ferreira, representante da Cúpula dos Povos, destacou a importância da voz dos movimentos populares, afirmando que é fundamental denunciar as violações de direitos que ocorrem no atual modelo de desenvolvimento.
O deputado Nilto Tatto (PT-SP) elogiou a reinvenção da Cúpula dos Povos, que já teve uma trajetória significativa desde a Eco-92, mas encontrou dificuldades em edições anteriores da COP em locais com restrições à liberdade de expressão. Ele ressaltou que a conferência em solo brasileiro proporciona um espaço valioso para a participação ativa da sociedade civil, essencial para influenciar as negociações climáticas.
A representante da organização Amigos da Terra, Kirtana Chandrasekaran, enfatizou a necessidade de um ambiente seguro para as manifestações, alertando sobre possíveis conflitos de interesse e censura. Por sua vez, a coordenadora-geral de mobilização da COP 30, Luciana Abade, reafirmou o compromisso do governo brasileiro em incluir a sociedade civil no processo de transformação, destacando ações como o Círculo dos Povos, que visa conectar diferentes comunidades, como indígenas e quilombolas.
Durante o debate, também foram levantadas preocupações sobre projetos de lei que podem impactar negativamente o meio ambiente no Brasil. A deputada Célia Xakriabá (Psol-MG) criticou uma série de propostas legislativas que ela considera prejudiciais, mas mencionou algumas vitórias no Congresso, como a aprovação da Lei do Mar e iniciativas voltadas à gestão de terras indígenas.
O movimento social vê na COP 30 uma oportunidade de avançar em pautas essenciais, como a demarcação de terras, a agroecologia e a regularização fundiária. Jorge Santana de Oliveira, assessor especial da Secretaria-Geral da Presidência da República, ressaltou a importância de ampliação da participação popular, já que quatro mil organizações da sociedade civil estão credenciadas como observadoras para a Conferência.
O evento promete ser não apenas uma plataforma para discussões climáticas, mas também um espaço de ativismo e resistência, fundamental para dar voz a todos os que são impactados pelas políticas ambientais no Brasil e no mundo. A mobilização por um futuro sustentável e justo está mais forte do que nunca, refletindo um clamor por mudanças que considerem as necessidades de todos, especialmente das comunidades historicamente marginalizadas.