Seminário Alerta para Riscos de Conteúdos Violentos em Plataformas Digitais para Jovens
Em um seminário realizado nesta terça-feira, 5 de agosto de 2025, na Câmara dos Deputados, especialistas em saúde mental e direitos da criança discutiram a preocupante disseminação de conteúdos violentos e perigosos nas plataformas digitais, que afetam diretamente crianças e adolescentes. Organizado pela Comissão de Direitos Humanos, o evento trouxe à tona a necessidade urgente de implementar políticas eficazes para proteger os jovens no ambiente virtual.
Karen Scavacinim, representante do Instituto Vita Alere, destacou a existência de grupos organizados que utilizam redes sociais para veicular conteúdos nocivos, como aliciamento sexual e incitação à automutilação. Ela informou que no Brasil, cerca de 3,5 crianças e adolescentes cometem suicídio diariamente, totalizando 1.244 mortes anuais. O aumento da taxa de suicídio na faixa etária de 10 a 19 anos, que cresceu 53,6 vezes entre 2000 e 2022, é um indicativo alarmante da urgência em abordar a saúde mental dessa população.
Além disso, Ana Cifali, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), apresentou dados que mostram que 83% dos jovens já se depararam com conteúdos violentos ou discriminatórios nas redes sociais. Desses, 26% relataram que foram motivados a atacar verbal ou fisicamente outras pessoas após visualizar esse tipo de conteúdo. “Essas informações ressaltam a importância de um olhar atento sobre os impactos que a violência digital pode ter no comportamento dos jovens”, disse Cifali.
No debate, representantes de plataformas populares como Discord e YouTube foram convidados, mas alguns, como Meta, TikTok e Roblox, não compareceram. Kate Sheerin, da Discord, mencionou os esforços da empresa para garantir a segurança dos usuários por meio de ferramentas de filtragem e um canal de comunicação com as autoridades brasileiras. Erika Alvarez, do YouTube, afirmou que a plataforma possui políticas de proteção voltadas para a juventude, destacando a importância da supervisão parental.
Roberta Jacarandá, do Conselho Digital, enfatizou a falta de uma cultura de proteção no ambiente digital, comparando-a às lições que os pais fornecem sobre segurança no mundo físico. Ela sugeriu que essa conscientização precisa ser ampliada.
A discussão também abordou a necessidade de uma legislação robusta que proteja as crianças e adolescentes no ambiente digital. O Ministério dos Direitos Humanos recentemente emitiu resoluções que estabelecem diretrizes para essa proteção. Além disso, foi mencionado um projeto de lei em análise na Câmara dos Deputados, o qual propõe regulamentações para garantir a segurança dos jovens em todas as plataformas digitais.
O deputado Reimont, que presidiu o seminário, ressaltou a importância de atualizar as normas relacionadas a esses aspectos, refletindo a realidade atual dos riscos que as crianças e adolescentes enfrentam nas interações digitais.