CAMARA DOS DEPUTADOS – Conselho de Ética convoca audiência para ouvir Chiquinho Brazão sobre assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.

Na última terça-feira (09/07/2024), o deputado Tarcísio Motta, do Psol-RJ, prestou um depoimento explosivo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Motta afirmou que o assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, em 2018, tinha como intuito amedrontar aqueles que desafiassem os interesses das milícias no Rio de Janeiro.

O parlamentar foi ouvido como testemunha no processo que pode resultar na cassação do mandato de Chiquinho Brazão, deputado sem partido e acusado de ser um dos mandantes dos homicídios. Na época dos crimes, Brazão também ocupava o cargo de vereador na capital fluminense.

Motta destacou a importância da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias, presidida por Marcelo Freixo e que teve Marielle como assessora, como marco na luta contra as organizações criminosas no Rio de Janeiro. O deputado ressaltou que a morte de jornalistas queimados foi o ponto de partida para a criação da CPI, evidenciando a gravidade dos crimes cometidos pelas milícias.

Durante o depoimento, Motta apontou um projeto de lei de autoria de Brazão, aprovado na Câmara de Vereadores do Rio, que flexibilizava a legislação sobre regularização de imóveis em áreas sob influência das milícias. O deputado do Psol enfatizou a oposição do partido ao projeto e a postura contrária dos membros da legenda em relação aos interesses das milícias.

Chiquinho Brazão, que permanece detido preventivamente, acompanhou a audiência por videoconferência, mas não se pronunciou. Uma das testemunhas de defesa, assessor do deputado, afirmou que as modificações no projeto de lei não foram feitas unilateralmente por Brazão, mas por várias comissões temáticas da Câmara de Vereadores.

Diante dos argumentos apresentados, a relatora do caso, deputada Jack Rocha, anunciou que Brazão será ouvido pelo Conselho de Ética na próxima semana, juntamente com outras testemunhas definidas pela defesa. O processo de cassação do mandato do deputado segue tendo como pano de fundo a acusação de ser um dos mandantes do brutal assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.

Esses desdobramentos continuam gerando repercussão na esfera política e colocam em evidência a atuação das milícias e a necessidade de avançar nas investigações para que a justiça seja feita e os responsáveis sejam devidamente responsabilizados.

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