Durante o debate, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) afirmou que reduzir a produção brasileira de tabaco trará prejuízo tanto para os produtores quanto para os municípios. Segundo ele, a proibição da produção nacional resultaria no aumento do contrabando, com a entrada de cigarros clandestinos e, possivelmente, de drogas e armas no país. Moreira ressaltou que mais de 50% dos cigarros que entram no Brasil já são provenientes de contrabando, além dos fabricados ilegalmente no país e vindos do Paraguai.
Por outro lado, a representante do Ministério da Saúde, Vera Luiza da Costa e Silva, afirmou que o consumo de tabaco vem diminuindo ao longo dos anos e que a pasta está empenhada em auxiliar os produtores na transição para outros tipos de produção. A secretária-executiva da comissão nacional para a implementação da convenção-quadro defendeu a proteção aos plantadores de tabaco e a busca por alternativas menos prejudiciais para o setor.
O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco, Iro Schünke, destacou o impacto econômico da produção de tabaco no Brasil, ressaltando que as exportações do produto giram em torno de 500 mil toneladas por ano e representam 2 bilhões de dólares.
Já o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Marcílio Laurindo Drescher, pediu mais transparência no processo de discussão e a inclusão dos produtores em todas as fases do debate. Ele alertou para a falta de informação sobre a posição que o Brasil irá defender na conferência.
Em relação à proteção aos produtores, o representante do Ministério das Relações Exteriores, Ricardo Pires, afirmou que o Brasil interpreta que a Convenção-Quadro do Tabaco não proíbe a produção do tabaco ou restringe políticas nacionais de apoio aos agricultores. Pires também destacou que o país está realizando ações de cooperação com o Paraguai para combater o contrabando de cigarros.
O debate mostrou a preocupação dos representantes do setor produtivo com os impactos econômicos e sociais que possíveis restrições à produção de tabaco poderiam trazer. Ao mesmo tempo, a busca por alternativas para a redução do consumo de tabaco e a proteção aos trabalhadores envolvidos nessa cadeia produtiva também foram temas abordados. Resta agora aguardar a posição oficial do governo brasileiro na próxima reunião internacional sobre o controle do tabaco.