Durante a reunião da Comissão de Viação e Transportes, Carley Welter, diretor de outra entidade do setor, destacou a atividade de quadrilhas especializadas, que não apenas se dedicam ao furto de cargas, mas também à comercialização de drogas e ao contrabando. A situação é tão crítica que 48% dos caminhoneiros já se declararam vítimas de roubos ou furtos, conforme dados da Confederação Nacional do Transportador Autônomo.
O governo federal busca mitigar o problema através do Comitê Gestor da Política Nacional de Repressão ao Furto e Roubo de Veículos e Cargas, um esforço que inclui uma legislação robusta e uma coordenação integrada entre os órgãos de segurança pública. O coordenador de áreas especializadas de combate ao crime da Polícia Rodoviária Federal, Francisco Rodrigues Neto, ressaltou a necessidade de desenvolver uma cultura de segurança no transporte de cargas, além de promover a troca de informações e a atualização das leis pertinentes.
Outros desafios foram levantados, como a necessidade de implementar a rastreabilidade das cargas. Nessa linha, o deputado Mauricio Neves (PP-SP) apresentou o Projeto de Lei 1743/25, que visa a criação de um código para identificar e monitorar a carga desde a produção até o consumidor final. Ele lembrou que 65% das cargas transportadas no Brasil dependem de rodovias, e que os custos relacionados à prevenção de roubos impactam significativamente os preços finais aos consumidores.
Embora a proposta de rastreabilidade tenha encontrado apoio entre os especialistas, ajustes são solicitados para adaptá-la a produtos agrícolas. Além disso, as autoridades pedem a aprovação de medidas que criminalizem a receptação de cargas roubadas e aumentem as penas para os envolvidos nas diversas etapas do crime.
Em São Paulo, onde as ações do Sistema de Informações e Prevenção de Crimes (SP-Carga) resultaram em reduções significativas de roubos e furtos, a conscientização da população se torna parte essencial da estratégia. O secretário estadual de segurança pública, Guilherme Derrite, enfatizou que a educação pública, somada ao endurecimento das legislações, é crucial para desestimular a aceitação de produtos ilícitos pela sociedade. Essa complexa teia de fatores demanda um atendimento cuidadoso para garantir não apenas a segurança dos transportadores, mas também a integridade do comércio e da economia como um todo.