CAMARA DOS DEPUTADOS – Cícero Santos, ligado à Conafer, nega fraudes e se diz laranja em depoimento à CPMI que investiga desvios no INSS com arrecadação acima de R$ 688 milhões.

Empresário Depõe em CPMI e Esclarece Ligação com Confederação de Agricultores

Na manhã de quinta-feira, 16 de outubro de 2025, Cícero Marcelino de Souza Santos, empresário próximo à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), compareceu à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Durante seu depoimento, Santos afirmou ter criado várias empresas a pedido de Carlos Lopes, atual presidente da Conafer, mas negou ter qualquer vínculo com outras investigações que envolvem a Polícia Federal.

A CPMI investiga um esquema que, segundo a Controladoria-Geral da União (CGU), arrecadou aproximadamente R$ 688 milhões desde 2019, através de descontos de trabalhadores rurais e indígenas inativos. Carlos Lopes, que já enfrentou a detenção em flagrante e foi posteriormente solto mediante pagamento de fiança, também prestou depoimento à comissão no mês passado, onde foi acusado de irregularidades.

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), expressou seu desacordo com a detenção de Santos, considerando que ele funcionou como um “laranja” utilizado para ocultar desvios de recursos. Gaspar destacou: “Não sei se lhe trato como testemunha ou investigado. Esta questão de proteger os poderosos e penalizar quem está na base, não conta comigo”. Ele apontou que Santos havia movimentado valores desviados pela Conafer, que está no centro das investigações.

Ao longo de seu depoimento, Santos foi questionado sobre diversas empresas que possuía, como uma papelaria e uma locadora de veículos, as quais estariam supostamente ligadas ao esquema de repasse de recursos. Santos admitiu que muitas dessas empresas foram criadas para atender demandas de Lopes, mas negou saber sobre a origem dos recursos que recebia. Junto com sua esposa, o empresário teria movimentado cerca de R$ 300 milhões relacionados à Conafer desde 2019.

Os membros da CPMI ainda pressionaram Santos para considerar uma delação premiada, na expectativa de que ele pudesse fornecer mais informações sobre as ações da Conafer. No entanto, Santos afirmou não recordar muitos detalhes e insistiu que não tinha intenção de prejudicar os beneficiários, alegando que sua função era apenas prestar serviços.

A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) criticou a atuação da Conafer, acusando-a de operar como um “sindicato fantasma”. “O que vemos aqui é que os beneficiários são apenas os dirigentes e seus familiares, e você, Cícero, acaba sendo um laranja”, ressaltou. Santos, por sua vez, desconversou, afirmando que seu trabalho consistia em prestar serviços legítimos e que não tinha conhecimento de estar atuando como um “laranja”.

Além disso, durante o depoimento, Santos negou qualquer relação com figuras como Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e outros alvos de investigação. Ele mencionou ter visitado o escritório do ex-presidente do INSS, José Carlos de Oliveira, mas assegurou que nunca teve a oportunidade de se encontrar com ele. Santos ainda esclareceu que o título de “assessor” na Conafer não refletia uma posição de poder, mas era meramente simbólico, afirmando que sua atuação se limitava à prestação de serviços.

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