Um vídeo de um minuto, dirigido por Angela Freitas, retrata a maternidade precoce como uma violação dos direitos humanos e destaca os impactos irreparáveis que a gestação forçada provoca nas meninas. Entre as consequências abordadas, estão o abandono escolar, problemas psicológicos e o desmantelamento dos planos de vida dessas jovens. O vídeo já pode ser acessado publicamente no canal da campanha no YouTube.
A produção conta com o apoio de diversas organizações, incluindo o Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde e o Instituto de Bioética Anis. A proposta é inspirada na iniciativa latino-americana Niñas No Madres e traz à tona histórias reais de meninas que passaram por situações semelhantes, como o caso de uma adolescente no Piauí que engravidou após sofrer abusos.
Dados alarmantes revelam a gravidade da situação: em 2023, um estupro foi registrado a cada seis minutos no Brasil, e a grande maioria das vítimas são meninas, muitas vezes negras e com menos de 14 anos. Laura Molinari, representante da campanha Nem Presa Nem Morta, enfatizou que o número de gravidez resultante dessas violências é devastador, com cerca de 20 mil meninas dando à luz anualmente, todas com direito ao aborto legal.
No evento, contou-se com a presença de várias deputadas, que apoiaram a causa e ressaltaram a importância do acesso ao aborto seguro e à necessidade de enfrentar as desigualdades que dificultam esse direito. Erika Hilton, uma das deputadas presentes, destacou que os debates sobre direitos sexuais e reprodutivos devem ir além do acesso, considerando também a situação social e racial das mulheres.
O lançamento do vídeo também mobilizou representantes de múltiplas organizações da sociedade civil que trabalham em defesa de direitos feministas, antirracistas e humanos. A ação integra uma estratégia mais ampla da campanha Criança Não É Mãe, que visa o combate à violência sexual, a defesa da Resolução 258 do Conanda e a rejeição de projetos que criminalizam o aborto, mesmo em casos de estupro.
No dia anterior ao lançamento, o vídeo foi apresentado em um simpósio nacional voltado para o enfrentamento da violência sexual, evento que reuniu diversas vozes em um clamor por políticas públicas eficazes. A vice-presidente do Conanda, Marina Poniwas, ressaltou a necessidade de abordar direitos sexuais de maneira específica e corajosa, convocando todos a se unirem nesta luta por um futuro mais seguro para crianças e adolescentes.
Fundada em 2020, a campanha Criança Não É Mãe tem como objetivo denunciar a gravidez infantil como uma grave violação de direitos, promovendo mobilizações baseadas em dados e articulando ações que buscam impactar a legislação e a opinião pública.