CAMARA DOS DEPUTADOS – Câmara dos Deputados Debate Fundo Nacional de Reparação Econômica e Igualdade Racial Para Combater Desigualdades Históricas no Brasil na Audiência Pública.

No dia 30 de setembro de 2025, uma audiência pública na Câmara dos Deputados se tornou palco de um debate intenso sobre a criação do Fundo Nacional de Reparação Econômica e de Promoção da Igualdade Racial, previsto na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 27/24. A audiência foi organizada pela comissão especial que analisa esta proposta e contou com a presença de líderes do movimento negro, que ressaltaram a necessidade urgente de medidas que promovam a equidade entre brancos e negros no Brasil.

A ex-ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial no governo Dilma Rousseff, Nilma Gomes, destacou que a criação do fundo é uma resposta essencial às consequências econômicas da escravidão, que ainda reverberam na sociedade brasileira. “Reparação econômica é uma necessidade em um país que lida com o racismo e a desigualdade em sua estrutura”, afirmou. Para ela, a proposta de criação desse fundo representa um passo significativo na busca por justiça social.

Os deputados Benedita da Silva (PT-RJ) e Orlando Silva (PCdoB-SP) foram os responsáveis por convocar a audiência e defender o conteúdo da PEC. O fundo, conforme descrito na proposta, terá natureza privada, será gerido por um banco público federal e contará com um conselho consultivo. A ideia é que o fundo destine pelo menos R$ 20 bilhões, ou seja, R$ 1 bilhão anuais, para financiar projetos focados na inclusão e promoção cultural, social e econômica de brasileiros pretos e pardos. Adicionalmente, serão buscados recursos por meio de doações internacionais e outras fontes.

Samuel Vida, coordenador do Programa Direito e Relações Raciais da Universidade Federal da Bahia, enfatizou que, apesar de haver leis que visam a igualdade racial, muitas delas não são efetivamente implementadas nas esferas estadual e municipal. Ele argumentou que a PEC é fundamental, pois oferece uma estrutura orçamentária que pode transformar essas leis em ações palpáveis.

O debate também abordou a questão da histórica dívida social do Estado com a população negra. Juarez Xavier, diretor da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp, lembrou que a exclusão racial no Brasil tem raízes profundas, dificultando o acesso da população negra a diversos recursos. O professor Hélio Santos complementou com dados preocupantes, apontando que, no atual ritmo, a igualdade salarial entre brancos e negros só será possível em 2399.

Por fim, o relator da PEC, deputado Orlando Silva, reiterou a necessidade de uma abordagem integrada, que inclua a participação de estados e municípios nas contribuições ao fundo. Ele enfatizou a urgência de medidas reparatórias e defendeu que o fortalecimento do conselho consultivo será crucial para garantir a transparência e a eficácia na utilização dos recursos destinados à promoção da igualdade racial no Brasil.

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