CAMARA DOS DEPUTADOS – Câmara dos Deputados Aprovam Projeto que Reforça Transparência e Revisão Humana em Decisões Automatizadas sobre Dados Pessoais

A Comissão de Comunicação da Câmara dos Deputados deu um passo significativo ao aprovar um projeto de lei que visa aprimorar a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). A proposta introduz a obrigatoriedade de uma revisão humana em determinadas decisões automatizadas que envolvem o tratamento de dados pessoais. Este movimento representa uma tentativa de mitigar abusos associados ao uso de algoritmos, assegurando aos cidadãos uma camada adicional de proteção em momentos em que suas informações pessoais são analisadas por sistemas automáticos.

Atualmente, a LGPD já confere aos indivíduos o direito de solicitar uma revisão quando se sentem prejudicados por decisões exclusivamente tomadas por máquinas. Contudo, a nova proposta estabelece que essa revisão deve ser feita por um ser humano sempre que o titular dos dados solicitar, considerando a viabilidade técnica do sistema em questão. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) terá a responsabilidade de regulamentar essa nova diretriz, que busca alinhar o Brasil às melhores práticas internacionais em transparência e governança.

O relator do projeto, deputado Jadyel Alencar, ressaltou a importância dessa iniciativa para fortalecer os pilares de responsabilidade e transparência na utilização de sistemas automatizados. O projeto em questão é uma versão substitutiva que agrega elementos de outras três propostas que foram apensadas, detalhando cuidados específicos em ações coletivas de reparação por abusos relacionados à manipulação de dados. Nesse contexto, o Ministério Público poderá, em ações judiciais, solicitar informações sobre o funcionamento de decisões automatizadas, além de requerer relatórios que detalhem a lógica aplicada e medidas de governança para prevenir discriminação algorítmica.

Um aspecto relevante da proposta é a possibilidade de inversão do ônus da prova. Caso uma empresa não forneça informações adequadas, o juiz poderá determinar que a empresa comprove a inexistência de discriminação ou abuso em suas práticas de tratamento de dados.

Agora, o projeto será apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), seguindo um rito de tramitação que pode levar à sua aprovação na Câmara e, posteriormente, no Senado, antes de se tornar lei. Esse processo é crucial para o fortalecimento da proteção de dados no Brasil, refletindo um compromisso com a ética no uso da tecnologia e a defesa dos direitos dos cidadãos.

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