CAMARA DOS DEPUTADOS – Câmara dos Deputados Analisa Projeto que Facilita Regularização de Imóveis Rurais em Áreas de Fronteira sem Certidões Oficiais

Em uma sessão agitada no Plenário da Câmara dos Deputados, realizada na terça-feira, os parlamentares deram início à análise de um projeto polêmico que busca facilitar a regularização de imóveis rurais situados em áreas de fronteira. O projeto, intitulado PL 4497/24 e proposto pelo deputado Tião Medeiros (PP-PR), apresenta um mecanismo que permitiria a utilização de uma declaração escrita e assinada pelo requerente como substituto para as certidões oficiais, um passo importante dada a dificuldade que muitos enfrentam para obter esses documentos junto aos órgãos responsáveis.

A proposta recebeu um substitutivo da relatora, deputada Caroline de Toni (PL-SC), que amplia as possibilidades de regularização fundiária, especialmente para propriedades que excedem 15 módulos fiscais, o que significa que contempla grandes propriedades em áreas de fronteira. No entanto, a medida se torna mais complexa ao considerar que essas áreas podem estar sobrepostas a processos administrativos de demarcação de terras indígenas.

De acordo com a análise do projeto, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) apenas poderá emitir uma certidão positiva de propriedade quando houver a publicação do decreto presidencial que homologar a demarcação. Este aspecto é fundamental, pois ele relaciona a regularização da terra à formalização da demarcação de terras indígenas, o que gera um embate entre os direitos dos proprietários rurais e a proteção das comunidades indígenas.

Outro ponto crucial do projeto é a aplicação de decisões judiciais. Caso um juiz suspenda, total ou parcialmente, o decreto presidencial que homologou a demarcação, essa suspensão terá efeitos diretos sobre as certidões emitidas, que poderão ser consideradas negativas para fins de registro imobiliário. Tal medida reflete a necessidade de se respeitar o status legal das propriedades até que uma decisão final seja alcançada.

Esse debate mexe com as estruturas de poder e disputas territoriais no Brasil, levantando questões sobre a proteção dos direitos indígenas e os interesses dos proprietários rurais. As próximas discussões em torno do projeto serão cruciais para determinar seu destino, em um cenário onde a contradição entre desenvolvimento rural e a proteção das comunidades tradicionais se intensifica. O tema é amplamente relevante e promete trazer novos desafios para a legislação fundiária brasileira.

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