CAMARA DOS DEPUTADOS – Câmara Debate: Falta de Vagas para Hemodiálise Impede Diagnóstico Precoce de Doença Renal em Municípios Brasileiros

Na tarde de quinta-feira, 22 de maio de 2025, a Câmara dos Deputados sediou uma discussão crucial sobre a detecção e tratamento da doença renal crônica, debatendo a importância do diagnóstico precoce na prevenção de complicações. A Comissão de Saúde reuniu especialistas, médicos e representantes do Ministério da Saúde para abordar as nuances dessa questão que afeta milhares de brasileiros.

Os profissionais de saúde ressaltaram a necessidade de exames laboratoriais, como análise de sangue e urina, para detectar a presença de substâncias como creatinina e albumina. Esses exames são fundamentais, especialmente para pacientes com histórico de diabetes, hipertensão ou obesidade, condições que aumentam o risco de doenças renais. Apesar de esses exames estarem disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a realidade encontrada em muitos municípios é de inibição na oferta desses serviços. Vanessa Pirolo, presidente da Federação de Associações e Institutos de Diabetes e Obesidade, trouxe à tona uma questão alarmante: várias prefeituras evitam realizar esses exames devido à falta de vagas para hemodiálise.

“Em Foz do Iguaçu, por exemplo, fomos informados de que o exame de creatinina não era feito porque não havia vagas disponíveis na hemodiálise. Isso é uma realidade chocante e compartilhada por muitas cidades brasileiras”, afirmou Pirolo. No entanto, ela destacou que existem cinco medicamentos que integram o SUS para o tratamento das doenças renais, que podem evitar a necessidade de hemodiálise.

Farid Samaan, secretário-geral da Sociedade Brasileira de Nefrologia, elogiou o modelo de saúde brasileiro, que, segundo ele, é um dos poucos no mundo a oferecer acesso universal a tratamentos de alto custo, como a hemodiálise e o transplante renal. Samaan também enfatizou a representatividade do SUS no financiamento desses tratamentos, atendendo cerca de 76% da população dependente do Sistema.

A coordenadora-geral de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Carmen Cristina Moura dos Santos, apresentou os desafios encontrados na distribuição de especialistas, que tendem a se concentrar em grandes centros urbanos, acentuando as desigualdades regionais. Em 2023, o governo repassou R$ 165 milhões para estados e municípios em apoio aos serviços de hemodiálise, refletindo a necessidade de melhorar a infraestrutura e o atendimento na saúde primária.

Apesar do cenário desafiador, Carmen ressaltou que o atendimento na saúde primária está em crescimento, o que pode ajudar a evitar o avanço da doença. Atualmente, o Brasil conta com apenas 2,6 nefrologistas para cada 100 mil habitantes, o que reforça a urgência em atacar as deficiências na infraestrutura e na distribuição de profissionais de saúde em todo o território nacional.

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