Mulheres do BRICS alertam para desigualdades na era da inteligência artificial
No dia 3 de junho de 2025, teve início a primeira reunião de parlamentares mulheres do BRICS, um encontro que trouxe à tona preocupações significativas sobre o impacto da inteligência artificial (IA) em relação às desigualdades de gênero. Durante a sessão, as participantes destacaram que, embora a IA possua um potencial transformador para as sociedades, sua implementação deve ser cuidadosamente monitorada para evitar que reforce as disparidades existentes.
A deputada Jack Rocha, do PT do Espírito Santo e coordenadora da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, enfatizou que a sub-representação feminina nas equipes responsáveis pelo desenvolvimento tecnológico compromete a diversidade necessária nas soluções oferecidas pela IA. Segundo ela, "algoritmos criados por homens tendem a reproduzir preconceitos e desigualdades históricas". Além disso, Rocha alertou que a automação pode ameaçar setores com alta concentração de mulheres, como educação e serviços, e defendeu a necessidade de que a revolução tecnológica seja inclusiva.
Outro ponto abordado foi a urgência da construção de uma governança digital que evite formas mais sofisticadas de exclusão e violência. A deputada Delegada Katarina, do PSD de Sergipe, destacou a importância de os parlamentos formularem marcos legais que garantam o respeito aos direitos humanos no uso da IA e que promovam a inclusão feminina na economia digital.
O encontro também permitiu que representantes de outros países compartilhassem suas experiências sobre a inclusão de mulheres em um cenário de crescente digitalização. A parlamentar Sara Falaknaz, dos Emirados Árabes Unidos, apontou que seu país posiciona a transformação digital como um impulsionador da igualdade de gênero, ao priorizar a liderança feminina em setores emergentes, incluindo o da IA. No mesmo tom, Qian Fangli, do Congresso Nacional do Povo da China, destacou que as mulheres já são maioria entre os empresários do setor de internet e representam 45% da força de trabalho em tecnologia.
A deputada Iza Arruda, do MDB de Pernambuco, também sublinhou a importância de legislações que abordem os riscos associados à evolução tecnológica, mencionando a Lei 15.123/25, que busca endurecer as punições para crimes de violência psicológica contra mulheres quando perpetrados com o uso de ferramentas digitais.
Além da inteligência artificial, as parlamentares discutiram como as mudanças climáticas impactam desigualmente as mulheres e propuseram que elas se tornem protagonistas nas políticas de adaptação às questões climáticas. A senadora Leila Barros, do PDT do Distrito Federal, reiterou que os desafios impostos por desastres naturais, como inundações e secas, precisam ser enfrentados com justiça ambiental e social.
Diante de todos esses temas, as participantes do encontro defenderam a criação de um BRICS feminino, que valorize a diversidade de experiências e o papel crucial das mulheres no contexto global do século XXI.