CAMARA DOS DEPUTADOS – Brasil Debatendo Soberania Tecnológica: Oportunidades e Desafios na Cooperação com BRICS e Autonomia Digital em Foco

Na última quarta-feira, dia 8 de outubro, a Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação da Câmara dos Deputados sediou um debate crucial sobre a dependência do Brasil em relação às grandes empresas de tecnologia, conhecidas como big techs. Este evento contou com a participação de representantes do Brasil, China e Índia, que se reuniram para discutir as potenciais soluções para a construção de uma infraestrutura tecnológica própria e a promoção da cooperação no âmbito do BRICS, um agrupamento que atualmente inclui 11 nações emergentes.

O debate, solicitado pelo deputado Fausto Pinato, enfatizou a importância da soberania tecnológica como um elemento fundamental para a autonomia dos países no contexto digital. A presidente do Fórum para Tecnologia Estratégica dos BRICS+, Isabela Rocha, abordou a crítica situação do Brasil, que mesmo possuindo um dos maiores mercados de smartphones do mundo e um polo industrial significativo em Manaus, continua a importar a maioria da sua infraestrutura tecnológica. Rocha ressaltou que o cotidiano do brasileiro é mediado por plataformas de empresas estrangeiras, enquanto a regulação dessas entidades ocorre fora do Brasil. “Nós, brasileiros, precisamos promover nossos valores e preservar nossa cultura, e isso não será possível se a infraestrutura e a regulação não estiverem sob nosso controle,” afirmou.

Durante a discussão, Xiao Youdan, consultor de políticas de ciência e tecnologia de Pequim, reforçou que a concentração de tecnologia em poucos países limita a diversidade econômica e cria padrões que não refletem a realidade dos países do sul global. Ele destacou que o BRICS representa cerca de 40% da economia mundial, o que oferece ao bloco uma posição estratégica para impulsionar mudanças globais.

Ergon Cugler, integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, alertou para a necessidade urgente de regulamentação no ambiente digital para evitar a imposição de regras estrangeiras que determinam os padrões brasileiros. Ele destacou que entre 2014 e 2025, o Brasil gastou R$ 23 bilhões em contratos com empresas estrangeiras para softwares e serviços, recursos que poderiam ser aplicados na criação de uma infraestrutura própria.

O major-general indiano Pawan Anand lembrou que o desafio da soberania digital é compartilhado globalmente e que a construção de relações de confiança entre os países do BRICS é essencial para fortalecer essa cooperação. Ele enfatizou a necessidade de estabelecer grupos de trabalho que promovam o compartilhamento de tecnologias e previnam a hegemonia de qualquer nação.

O evento, conduzido pelo deputado Dr. Zacharias Calil, reafirmou o compromisso do bloco em fortalecer parcerias que incentivem a tecnologia, pesquisa e formação profissional no Brasil, visando um futuro mais autônomo e sustentável para os países emergentes.

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