O debate, solicitado pelo deputado Fausto Pinato, enfatizou a importância da soberania tecnológica como um elemento fundamental para a autonomia dos países no contexto digital. A presidente do Fórum para Tecnologia Estratégica dos BRICS+, Isabela Rocha, abordou a crítica situação do Brasil, que mesmo possuindo um dos maiores mercados de smartphones do mundo e um polo industrial significativo em Manaus, continua a importar a maioria da sua infraestrutura tecnológica. Rocha ressaltou que o cotidiano do brasileiro é mediado por plataformas de empresas estrangeiras, enquanto a regulação dessas entidades ocorre fora do Brasil. “Nós, brasileiros, precisamos promover nossos valores e preservar nossa cultura, e isso não será possível se a infraestrutura e a regulação não estiverem sob nosso controle,” afirmou.
Durante a discussão, Xiao Youdan, consultor de políticas de ciência e tecnologia de Pequim, reforçou que a concentração de tecnologia em poucos países limita a diversidade econômica e cria padrões que não refletem a realidade dos países do sul global. Ele destacou que o BRICS representa cerca de 40% da economia mundial, o que oferece ao bloco uma posição estratégica para impulsionar mudanças globais.
Ergon Cugler, integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, alertou para a necessidade urgente de regulamentação no ambiente digital para evitar a imposição de regras estrangeiras que determinam os padrões brasileiros. Ele destacou que entre 2014 e 2025, o Brasil gastou R$ 23 bilhões em contratos com empresas estrangeiras para softwares e serviços, recursos que poderiam ser aplicados na criação de uma infraestrutura própria.
O major-general indiano Pawan Anand lembrou que o desafio da soberania digital é compartilhado globalmente e que a construção de relações de confiança entre os países do BRICS é essencial para fortalecer essa cooperação. Ele enfatizou a necessidade de estabelecer grupos de trabalho que promovam o compartilhamento de tecnologias e previnam a hegemonia de qualquer nação.
O evento, conduzido pelo deputado Dr. Zacharias Calil, reafirmou o compromisso do bloco em fortalecer parcerias que incentivem a tecnologia, pesquisa e formação profissional no Brasil, visando um futuro mais autônomo e sustentável para os países emergentes.









