Congresso Enfrenta Supremo Tribunal Federal em Batalha Jurídica
Em uma ação conjunta inédita, as Mesas Diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado, juntamente com dez partidos políticos, entraram com um pedido de suspensão de liminares nas decisões monocráticas do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF). As decisões em questão interromperam a execução de emendas impositivas que transferem recursos para estados e municípios, totalizando R$ 8,2 bilhões apenas em 2024. No entanto, o presidente do STF, Roberto Barroso, negou o pedido na madrugada desta sexta-feira (16).
A negativa de Barroso se fundamenta na argumentação de que a atuação monocrática da presidência do STF para sustar decisões de um de seus membros não se justifica, visto que essas deliberações já estão sendo objeto de análise pelo colegiado do tribunal. "Não se justifica a atuação monocrática desta presidência para sustar os efeitos de decisões proferidas por um de seus integrantes, em sede de suspensão de liminar, quando tais decisões já estão sendo objeto de deliberação pelo Colegiado do Tribunal", afirmou Barroso em sua decisão.
A movimentação do Congresso gerou uma nota oficial, divulgada pela Assessoria de Imprensa da Presidência da Câmara dos Deputados, que questiona a legalidade e a constitucionalidade das decisões do ministro Flávio Dino. O comunicado enfatiza que, em uma única decisão monocrática, o STF teria desconstituiu quatro Emendas Constitucionais, aprovadas ao longo de três legislaturas distintas. A nota aponta ainda que tais decisões podem causar danos irreparáveis à economia pública, saúde, segurança e à ordem jurídica, além de violar a separação de poderes.
O Congresso e os partidos envolvidos – PL, União Brasil, PP, PSD, PSB, Republicanos, PSDB, PDT, Solidariedade e PT – solicitam que as liminares sejam imediatamente suspensas. Alegam que as decisões monocráticas de Dino foram realizadas sem urgência que justificasse uma análise isolada do caso e que ultrapassaram os limites ao atingir também emendas previamente questionadas e aprovadas por outros ministros do STF como Alexandre de Moraes e Rosa Weber.
A defesa das Mesas Diretoras e dos partidos enfatiza que as decisões monocráticas representam uma tentativa de controle de atos concretos da Administração Pública e do Poder Legislativo, com impactos diretos e imediatos sobre políticas e obras públicas fundamentais para a população e para as administrações estaduais e municipais. Além disso, a nota critica a legitimidade da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI) em propor tais ações, argumentando falta de interesse direto entre os objetivos institucionais da entidade e o objeto das normas impugnadas.
O impasse entre o Congresso e o STF, liderado por Roberto Barroso, reflete uma tensão institucional significativa, destacando a complexidade e a importância da separação de poderes no Brasil. Enquanto o Congresso busca reverter decisões que considera prejudiciais e anticonstitucionais, o Supremo Tribunal Federal defende a legitimidade do processo judicial e a autonomia de seus ministros, exacerbando um debate que terá desdobramentos cruciais para a governança e a execução de políticas públicas no país.