O debate, realizado a pedido do deputado Luiz Couto (PT-PB), preocupou os especialistas que alertaram para as consequências desse problema na saúde dos idosos. Apesar do nível de desnutrição na população idosa ser menor do que em outros grupos da sociedade, as consequências para os idosos são mais graves.
Segundo Bruna Pitasi, coordenadora de Apoio às Ações de Promoção da Alimentação Saudável do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, o porcentual de idosos com baixo peso no país diminuiu, passando de 18% em 2009 para 12% atualmente. Por outro lado, o número de idosos com sobrepeso ou obesidade aumentou, atingindo 51% dessa população.
Ana Flávia Rezende, representante da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, explicou que a obesidade e o sobrepeso podem dificultar o diagnóstico de desnutrição nos idosos. Muitas vezes, a gordura acumulada mascara a perda de massa muscular, o que compromete a funcionalidade e a independência dos idosos.
As mudanças fisiológicas do envelhecimento já causam a perda de massa muscular, problema que se agrava com a má nutrição. A redução da massa magra, conhecida como sarcopenia, está relacionada ao aumento de doenças crônicas e à pior resposta ao tratamento de doenças como o câncer.
Todas as palestrantes concordaram que o crescimento da obesidade e do sobrepeso entre os idosos está intimamente ligado ao aumento do consumo de alimentos ultraprocessados. O fácil preparo e o preço acessível desses alimentos têm contribuído significativamente para essa mudança de hábitos alimentares.
Como medida preventiva, Simone Fiebrantz Pinto defendeu a importância da atuação das equipes de saúde da família no diagnóstico precoce da desnutrição, a fim de intervir e evitar complicações na saúde e hospitalizações. Além disso, a aprovação do projeto de lei que prevê a oferta gratuita de suplementação nutricional para idosos diagnosticados com desnutrição no Sistema Único de Saúde (PL 4729/24) foi destacada como uma medida fundamental para reduzir a mortalidade de pacientes desnutridos.
Dessa forma, a preocupação com a nutrição adequada dos idosos se faz cada vez mais presente e exige ações concretas por parte dos órgãos competentes e da sociedade como um todo. A saúde e o bem-estar dessa parcela da população são fundamentais para garantir uma melhor qualidade de vida e promover o envelhecimento saudável e ativo.
