CAMARA DOS DEPUTADOS – Audiência discute emendas ao Orçamento: Ministério da Fazenda alerta sobre impactos e riscos das emendas obrigatórias no controle fiscal e nas finanças públicas brasileiras.



Audiência Pública no STF Debate Emendas Parlamentares ao Orçamento

Em audiência pública realizada no Supremo Tribunal Federal (STF), a discussão sobre emendas parlamentares, particularmente as de execução obrigatória, trouxe à tona a relevância da participação das minorias políticas no processo orçamentário. O evento foi conduzido pelo ministro Flávio Dino, que é o relator de três ações diretas de inconstitucionalidade que questionam a transparência e a obrigatoriedade dessas emendas.

Os representantes da Câmara dos Deputados e do Senado defenderam que as emendas garantem uma distribuição equitativa dos recursos entre diferentes grupos e regiões, contrastando com a realidade dos Estados Unidos, onde, de acordo com o representante da Câmara, Jules Pereira, o orçamento foi aprovado sem a participação da oposição. Para ele, a modelagem brasileira, que assegura a distribuição proporcional de recursos às emendas individuais, bancadas estaduais e comissões, respalda um cenário democrático mais inclusivo.

No entanto, a eficiência das despesas geradas pelas emendas tem sido um tema controverso. Pereira ressaltou que, embora se critique a fragmentação das alocações, essa abordagem é essencial para atender às demandas locais, garantindo que a dignidade da pessoa humana seja respeitada. Ele destacou a relevância das necessidades de cidadãos em localidades específicas, como Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Além disso, o debate incluiu questões sobre a responsabilidade dos parlamentares na aplicação dos recursos indicados nas emendas. Cada emenda individual enfrenta cerca de 27 critérios de impedimentos estabelecidos pela legislação, garantindo que exista um controle sobre a destinação dos recursos.

A representante do Senado, Gabriele Pereira, reforçou a importância do orçamento como um campo de batalha pelo poder, enfatizando que o Legislativo deve exercer um papel crítico nas decisões do Executivo. O advogado-geral da União, Jorge Messias, acrescentou que a nova legislação e as decisões do STF têm trazido avanços ao sistema de emendas, resolvendo questões como a identificação dos autores e a destinação de recursos para obras inacabadas.

Entretanto, o ministro Flávio Dino expressou sua preocupação em relação ao volume das emendas, que totaliza cerca de R$ 50 bilhões, representando 25% das despesas não obrigatórias do governo. Ele alertou que as assembleias legislativas e câmaras municipais estão replicando esse modelo, elevando o montante para mais de R$ 100 bilhões.

O governador de Mato Grosso apontou um cenário similar, destacando que, em seu estado, as emendas somam cerca de R$ 600 milhões. A audiência culminou com a reflexão de especialistas que ressaltaram a rigidez que as emendas de execução obrigatória conferem ao orçamento, sugerindo a necessidade de reformulações que alinhem os recursos a percentuais das despesas discricionárias. A discussão permanece aberta, evidenciando a complexidade das interações entre orçamento, política e democracia no Brasil.

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