Urgência na Redução das Emissões de Metano Para Combater o Aquecimento Global
Em um alerta contundente durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em Belém, representantes de diversas instituições enfatizaram a necessidade urgente de reduzir as emissões de metano na atmosfera para evitar o colapso do Acordo de Paris e mitigar os efeitos da crise climática. Henrique Bezerra, representante da Global Methane Hub para a América Latina, destacou que o metano, um dos gases do efeito estufa, é responsável por aproximadamente um terço do aquecimento global, sendo 86 vezes mais potente que o dióxido de carbono.
Bezerra chamou a atenção para a natureza temporária do metano na atmosfera, que permanece por apenas 12 a 20 anos, ao contrário do CO₂, que pode levar séculos para se dissipar. Isso significa que, se os países agirem rapidamente para cortar 45% das emissões de metano até 2030, é possível que a temperatura global diminua até 0,3°C até 2040. Essa tarefa, segundo ele, requer um compromisso firme de vários setores, especialmente a agropecuária, que é responsável por 40% das emissões de metano, e a indústria de energia e combustíveis fósseis, que corresponde a 33%.
Uma abordagem proposta por Bezerra é a melhoria das práticas na agropecuária, focando na redução da intensidade de metano por quilo de carne produzida. Isso pode ser alcançado através de tecnologias modernas, melhor nutrição animal e aprimoramento das pastagens, evitando a diminuição do rebanho.
Ainda no painel, Juan Pablo Letelier, ex-senador do Chile, reforçou a importância de estabelecer metas obrigatórias para a redução das emissões de metano. Ele destacou a necessidade de que cada país inclua essas metas em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e as incorpore nas legislações nacionais. Letelier mencionou o Brasil, que tem o segundo maior rebanho de bovinos do mundo, e a possibilidade de praticar uma pecuária mais sustentável.
Dados recentes indicam que as emissões de metano no Brasil aumentaram 6% entre 2020 e 2023, com a agropecuária respondendo por mais de 75% dessas emissões. Isto evidencia a urgência da ação.
Por fim, o moderador do painel, Mitch Reznick, solicitou uma resposta rápida e eficaz dos líderes políticos, comparando a questão do metano a um “freio de emergência” que, se acionado agora, poderá gerar impactos positivos mensuráveis no clima em uma década. A mobilização para a redução das emissões de metano é, portanto, não apenas uma necessidade ambiental, mas uma questão de responsabilidade coletiva.
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