CAMARA DOS DEPUTADOS – 66% dos municípios brasileiros não estão preparados para enfrentar as mudanças climáticas, alerta secretária do Ministério do Meio Ambiente

De acordo com a secretária de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, 3.679 municípios brasileiros, o que representa 66% do total de 5.570, não estão preparados para lidar com as mudanças climáticas. Durante sua participação em um seminário realizado na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, Ana Toni explicou que o governo está trabalhando em planos setoriais para mitigar o problema e promover a adaptação.

Durante o evento, diversas autoridades presentes, incluindo a deputada Socorro Neri (PP-AC), destacaram a falta de senso de urgência nas autoridades públicas e na sociedade em relação a essa questão. Neri ressaltou a importância de debates como esse e a necessidade de aprovar iniciativas para enfrentar o problema.

Ana Toni também alertou para os impactos das mudanças climáticas no Brasil. Entre 2013 e 2022, cerca de 4 milhões de pessoas foram diretamente afetadas por eventos relacionados, como a redução das chuvas no centro e norte do país e as inundações no sul e sudeste. Além disso, estima-se que até 2030, aproximadamente 10,6 milhões de hectares destinados à agricultura serão perdidos devido às mudanças climáticas, exigindo o deslocamento de culturas.

O coordenador de Política Socioambiental do Instituto Democracia e Sustentabilidade, Marcos Woortmann, atribui parte desses problemas à escolha de políticas públicas inadequadas, que privilegiam a agricultura de exportação em detrimento da segurança alimentar. Ele destacou a disparidade nos investimentos e subsídios, citando o caso da soja, que recebeu R$ 56 bilhões em subsídios em 2022, enquanto a cesta básica recebeu apenas metade desse valor. Woortmann também criticou os investimentos na Ferrogrão, uma ferrovia voltada para a exportação, em detrimento de investimentos em infraestrutura para agricultores familiares.

Durante o seminário, o pedido também foi feito para que os parlamentares revisem a permissão para desmatamento de até 80% nas propriedades rurais localizadas no Cerrado. Além disso, a diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Patrícia Pinho, relembrou os objetivos do Acordo de Paris, que busca estabilizar o aquecimento global em 1,5 grau até 2100. Porém, segundo ela, quase 40% da população global já vive em regiões que ultrapassaram essa meta nos últimos dez anos.

Em resumo, o seminário realizado na Câmara dos Deputados evidenciou a falta de preparo e senso de urgência nas autoridades públicas e na sociedade em relação às mudanças climáticas. Os impactos já são visíveis, como inundações e redução da área agricultável, e é necessário rever políticas públicas e promover maior conscientização sobre a importância do enfrentamento desses problemas.

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