Durante a sessão, na qual 46 dos 51 vereadores estiveram presentes, apenas 29 se pronunciaram sobre o projeto. O resultado foi de 23 votos a favor, quatro contrários e duas abstenções, um número insuficiente para que a proposta pudesse avançar, uma vez que seriam necessários pelo menos 26 votos.
A discussão sobre a proposta não foi pacífica. Pedro Duarte expressou sua preocupação com a baixa adesão ao voto. Segundo ele, havia uma relutância considerável entre os vereadores em se posicionar, refletindo a seriedade do tema em pauta. “Voltaremos com o projeto e continuaremos a lutar para deixar claro que dinheiro público não deve ser destinado a quem glorifica o crime organizado”, declarou Duarte.
O tema da proposta começou a ganhar destaque em fevereiro, após a Comissão Especial de Políticas Públicas para Favelas solicitar ao Ministério Público Federal uma investigação em relação à possível criminalização do funk. Essa análise emergiu em meio a propostas similares que surgiram em diversas cidades, incluindo São Paulo e Belo Horizonte.
A figura central na controvérsia é Oruam, nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno. Ele é filho do traficante Marcinho VP e tem chamando atenção principalmente por uma de suas músicas de sucesso em 2024, “Oh Garota Eu Quero Você Só Pra Mim”, que, segundo críticos, deveria ser vista com cautela devido à herança familiar. Durante sua apresentação no festival Lollapalooza, Oruam gerou polêmica ao se vestir com uma camiseta que trazia a imagem do pai e a palavra “liberdade”.
As preocupações em relação à influência de artistas como Oruam ganharam eco em outros lugares, como em São Paulo, onde a vereadora Amanda Vettorazzo fez declarações contundentes sobre a possível normalização do crime em letras de músicas. No Rio, Talita Galhardo citou trechos de canções que faziam referências ao crime organizado como justificativa para a proposta.
Em resposta ao movimento, Oruam utilizou suas redes sociais para rebater as críticas e ressaltou a tentativa de estigmatização de artistas do funk, do rap e do trap. Para ele, a “Lei Anti-Oruam” não apenas afetaria sua carreira, mas também colocaria em risco a liberdade de expressão de diversos artistas dentro da cena musical.










