Câmara adia votação do Mover por discordância sobre taxação de compras internacionais abaixo de US$ 50, gerando desgaste com opinião pública.

A Câmara dos Deputados mais uma vez teve que adiar a votação do Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover) devido à falta de acordo com o governo em relação à retomada da taxação de compras internacionais de bens no valor de até US$ 50. O projeto, que teve origem em uma Medida Provisória do governo, visava incentivar empresas automotivas que investem em veículos sustentáveis, mas um “jabuti” inserido no texto acabou desencadeando uma controversa discussão sobre a tributação de produtos estrangeiros comuns em plataformas como Shein, Shopee e Ali Express.

Os deputados argumentam que o governo seria o principal beneficiário da volta dessa taxação, visto que aumentaria a arrecadação de impostos. No entanto, a medida é vista com maus olhos pela população, uma vez que encareceria produtos consumidos pelas classes mais baixas. A bancada do PT tem exigido a retirada do “jabuti” do projeto, propondo que o tema seja debatido em uma outra matéria que está parada na Comissão de Finanças e Tributação.

O relatório elaborado pelo deputado Paulo Guedes (PT-MG) sugere a manutenção da isenção para produtos abaixo de US$ 50, com uma taxação de 40% para produtos entre US$ 50 e US$ 100, e de 60% para itens acima de US$ 100. Caso o texto original do Mover seja aprovado, todos os produtos importados seriam taxados em 60%. Outra proposta em debate é a redução de 15% nos impostos para empresas cadastradas no programa Remessa Conforme, criado pelo Ministério da Fazenda para monitorar empresas estrangeiras de e-commerce.

Enquanto deputados favoráveis à tributação defendem a medida como benéfica para os cofres públicos, eles também destacam que o governo tem interesse na taxação, mas busca evitar o desgaste político. A falta de formalização de propostas por parte do governo até o momento tem gerado frustração entre os parlamentares.

Além da pressão vinda de diferentes setores, como indústria e comércio nacionais, um ambiente de tensão se instalou na Câmara, com governistas sendo instados a votar a favor do projeto com o “jabuti” incluído. Caso contrário, os parlamentares continuam relutantes em avançar com o Mover.

O debate sobre a taxação de bens importados não é novo e já havia sido mencionado pelo governo em abril de 2023, embora tenha sido rapidamente revogado devido à má repercussão. Internamente, há dissenso sobre a pertinência da reimposição desses impostos, o que reflete as divergências de opinião dentro do próprio governo.

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