Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), expressou preocupações sobre as implicações dessa nova realidade. Segundo ele, mesmo com a diminuição da tarifa, a permanência da sobretaxa alta compromete ainda mais a posição do café brasileiro no mercado internacional. “Piorou a situação para nós, pensando em competitividade. A ordem executiva mencionada foi relacionada à tarifa de 10%. Mas temos uma própria, que estabelece 40% a mais, e ela não foi mencionada na derrubada. Só a gente ficou com tarifas, e nossas concorrentes ficaram zeradas”, declarou Matos. Ele também ressaltou que a situação se torna ainda mais complicada quando se observa que os concorrentes diretos estão livres de imposições tarifárias.
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que os Estados Unidos são um mercado crucial para o café brasileiro, representando cerca de 16% das exportações totais do produto, que lidera a produção mundial. Contudo, a performance do setor tem sido preocupante: entre agosto e o fim de outubro de 2024, as exportações de café para os EUA caíram drasticamente em 51,5% em comparação ao ano anterior. Este cenário é agravarado por aumentos nos preços do café nos Estados Unidos, onde os consumidores registraram um aumento de quase 20% nos preços em setembro em relação ao mesmo período de 2023.
Embora o governo americano tenha promovido a diminuição de algumas tarifas, as sobretaxas extras continuam em vigor, deixando muitos exportadores em uma posição delicada e forçando uma reavaliação do panorama comercial para o café brasileiro nos EUA. A situação expõe as fragilidades do setor, que depende significativamente de tratados comerciais e da competitividade em um mercado global crescente e desafiador.
