Caetano Veloso e Maria Bethânia estreiam turnê no Rio e surpreendem com hit gospel



Na noite de sábado, dia 3, a cidade do Rio de Janeiro foi palco da tão aguardada estreia da turnê conjunta dos irmãos Maria Bethânia e Caetano Veloso. O evento ocorreu na Farmasi Arena, localizada na Barra da Tijuca, e reuniu uma plateia lotada, ansiosa para conferir de perto os sucessos icônicos da música brasileira. O repertório da dupla incluiu canções emblemáticas como “Alegria, alegria”, “Gente”, “Oração ao tempo”, “Vaca profana” e “Reconvexo”, grande parte delas de autoria de Caetano.

A apresentação não foi apenas uma celebração das canções clássicas; houve momentos inesperados que surpreenderam o público. Um dos destaques da noite foi a interpretação de “Fé”, música da cantora Iza, que contou com a participação entusiástica da plateia. Além disso, no segmento solo de Caetano, ele interpretou “Deus cuide de mim”, um hit gospel do pastor Kleber Lucas. Antes de iniciar a canção, Caetano Veloso fez questão de enaltecer o crescimento do número de evangélicos no Brasil, fato que ele considera de imensa importância. A declaração causou certa surpresa, especialmente entre os fãs que sabem das antigas declarações ateístas do artista.

A ligação de Caetano com a música gospel não é tão recente. Em 2022, ele regravou “Deus cuide de mim” juntamente com Kleber Lucas, uma canção que se tornou um verdadeiro hino nas igrejas periféricas. A relação de Caetano com a religião sempre foi complexa. Nascido em uma família cristã e criado por uma mãe devota que organizava novenas, ele se declarou ateu durante boa parte de sua vida. Chegou a se autoproclamar “antirreligioso” na juventude e teve uma fase de aproximação com o candomblé em Salvador.

O fenômeno do crescimento evangélico no Brasil não passa despercebido. De acordo com o último censo do IBGE, de 2000 a 2010, o número de evangélicos no Brasil cresceu 61%, somando atualmente 70 milhões de adeptos. O gênero musical gospel, por sua vez, figura entre os mais ouvidos no país, com nomes como Aline Barros, Bruna Karla e Priscila Alcântara ultrapassando a barreira do nicho religioso.

Caetano Veloso segue atento a esses movimentos. Em diversas ocasiões, ele criticou o que chama de “preconceito pseudochique” contra os evangélicos, defendendo que é preciso entender o Brasil em sua totalidade, inclusive em sua musicalidade e expressão de fé. Sua primeira experiência de colaboração com Kleber Lucas se deu em um cenário de acalorada polarização política no Brasil, especialmente relevante na véspera da reeleição do presidente Lula, e, naquele contexto, o pastor batista foi uma das poucas vozes evangélicas que se posicionou contra o governo Bolsonaro.

Enquanto isso, seus filhos também trilham caminhos religiosos. Moreno Veloso, seu primogênito, tem uma aproximação mais ampla com várias tradições religiosas, enquanto Zeca e Tom Veloso seguiram a fé evangélica desde a infância, tendo frequentado a Igreja Universal.

Portanto, a nova turnê de Maria Bethânia e Caetano Veloso não é apenas um reencontro musical, mas também uma reafirmação de valores e crenças que moldam uma parte significativa da identidade brasileira.

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