Cacau Protásio entra na sala vestindo calça e camiseta preta, com os lábios pintados de rosa claro e os cílios da mesma cor. Fala com alguns amigos que estão esperando por ela no camarim do Riocentro, Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde ela está para um dos últimos dias de gravações da 4ª temporada do “Vai Que Cola”. “Só vou terminar a caraterização e já volto”, diz. Cerca de 30 minutos depois, parece que outra mulher entrou no mesmo ambiente: leggings de um azul fluorescente e repleto de glitter são combinadas com uma camiseta estampada, enquanto a peruca ruiva exuberante intensifica o brilho do par de saltos e dos vários acessórios espalhados por mãos, pescoço e orelhas. “Quero ser a melhor Terezinha possível, para fazer as pessoas sorrirem”, conta a atriz ao Yahoo.
Há quatro anos, Cacau interpreta a moradora do Méier no humorístico do Multishow, exibido de segunda a sexta, às 22h30. “Hoje, temos muito mais propriedade sobre os nossos personagens. Criamos mais, inventamos mais e brigamos mais por textos e figurinos bons. Eu, por exemplo, quero tudo do melhor. Porque quando chego na rua, escuto muita gente me elogiando e dizendo ‘Ah, você me tirou da depressão’, ‘Rio toda noite com você’”, avalia a atriz de 41 anos sobre o sucesso de sua personagem e a jornada trilhada até aqui com o programa.
O estilo extravagante da personagem não poderia estar mais distante do papel que fez Cacau ser notada nacionalmente pela primeira vez: a empregada doméstica Zezé, de “Avenida Brasil”. Em questão de dias, a cena em que ela fazia faxina enquanto cantava a música do “Amendoim” levou as redes sociais às gargalhadas e colocou o nome de Cacau no radar do público. “Desde então, melhorou tudo na minha vida. Antes da Zezé, eu era outra pessoa, era a Anna Cláudia Protásio. Hoje, eu sou a Cacau, tenho respeito e admiração das pessoas e sinto que, a cada dia que passa, eu estou mais famosa. Principalmente depois da Terezinha, que é um personagem muito popular. Agora, alguns fãs já chegam para falar comigo com muito mais intimidade”, explica.
No palco do “Vai Que Cola” (ou, para o público, na tela do Multishow), Cacau fala alto, rebola, brinca, grita e anda de um lado para o outro. Fora dos holofotes, entretanto, ela conta que não mantém o ritmo acelerado do humor de seus personagens: “Os fãs ficam esperando que eu seja mais expansiva, mas sou extremamente tímida. Cheguei a fazer tratamento para lidar com isso, porque eu saía de casa e não sabia nem como receber os elogios e nem como falar. Só sou sem-vergonha com quem eu tenho intimidade”, explica sobre a forma como lidou com a contínua exposição após o fim de “Avenida Brasil”.
Para além do carinho do público, o estrelato de Cacau também abriu os olhos da atriz para outros aspectos da fama: como a necessidade de se aprofundar mais no mundo da moda. “Agora, eu amo moda! Sou muito largada, se pudesse andaria todo dia com camisola e chinelo, mas conheci uma figurinista no meu último filme – “Gostosas, Lindas e Sexies”, de Ernani Nunes – que me mostrou esse mundo melhor. Quando fiz minha primeira viagem internacional, descobri que existiam departamentos inteiros dedicados às mulheres plus size e então vi como a moda realmente pode existir para mim”, desabafa a atriz, antes de retomar o tom usualmente bem humorado. “Antigamente, achava que roupa para gordo era como capa de botijão: um pedaço de pano com buracos para a cabeça e os braços”, ri.
Com o papo chegando ao final, Cacau ainda comenta o preconceito com que tanto a indústria da moda quanto a da publicidade tratam as pessoas acima do peso ideal para os padrões vigentes. “Lamento que as pessoas não ‘banquem‘ uma moda plus size. Por exemplo, todos usamos chinelo e bebemos cerveja, mas ninguém coloca uma pessoa gorda em uma propaganda dessas coisas. Isso sim, acho questão de preconceito”, comenta com a voz firme e o tom mais sério. Mas antes de se despedir, ainda há tempo para mais uma piada: “Eu, particularmente, não gasto com roupa cara também, porque acho um desperdício. Mas se me derem, eu uso com a marca penduradinha!”.
Yahoo
07/12/2016
