Brilho inédito no halo da Via Láctea pode oferecer pistas valiosas sobre a matéria escura, desvendando um enigma que desafia astrônomos há décadas.

Um brilho singular detectado no halo da Via Láctea, resultado de 15 anos de observações pelo Telescópio Espacial de Raios Gama Fermi, levanta novas esperanças na busca pela matéria escura, uma das questões mais desafiadoras da cosmologia moderna. Essa luz incomum, composta por raios gama, surgiu com uma frequência e intensidade sem precedentes, apontando para possíveis interações de partículas que ainda não foram diretamente observadas.

De acordo com o astrônomo Tomonori Totani, da Universidade de Tóquio, essa nova descoberta pode estar vinculada à colisão e aniquilação de partículas teóricas conhecidas como WIMPs, que são consideradas os principais candidatos para representar a matéria escura. Embora tenham sido realizadas várias buscas por evidências desse fenômeno, o sinal detectado agora é inédito, apresentando um pico energético específico que sugere uma origem galáctica clara.

O fenômeno em questão consiste na detecção de fótons de raios gama com energia de 20 gigaeletronvolts, dispostos em um padrão que se alinha com as previsões sobre a forma de um halo de matéria escura ao redor da nossa galáxia. Essa estrutura não apenas reforça a viabilidade da existência da matéria escura, mas também representa um avanço significativo em nossa compreensão do cosmos.

Atualmente, a matéria escura envolve cerca de 84% da massa do universo. No entanto, sua identificação é complexa, já que não emite luz e só pode ser inferida através de suas interações gravitacionais com a matéria visível. Em contraste, a matéria que podemos observar corresponde a apenas 16% da composição total do universo. Estudos anteriores não conseguiram confirmar a origem dos sinais de raios gama, uma vez que outras fontes de radiação, como pulsares, complicam a interpretação dos dados.

Agora, ao utilizar os extensos dados acumulados pelo telescópio Fermi, Totani e sua equipe realizaram uma análise estatística que permitiu observar um aumento que correponde ao perfil energético esperado na aniquilação de WIMPs. Apesar de ainda ser necessário um trabalho adicional para validar essas descobertas, principalmente por meio de estudos independentes e comparações em diferentes ambientes cósmicos, os resultados são promissores.

Sejam quais forem as conclusões finais, essa nova evidência pode ser um marco na busca pela compreensão da matéria escura, um conceito que intriga cientistas desde que foi proposto pela primeira vez no início do século 20. A expectativa é que esse levantamento abra novas avenidas de pesquisa e, quem sabe, revele os segredos que ainda permanecem ocultos nas profundezas do universo.

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