Um dos pontos fortes ressaltados por Yakovenko é a necessidade de ampliar as parcerias comerciais e políticas dos países latino-americanos, que atualmente dependem em grande parte dos Estados Unidos. Com cerca de 75% de seu comércio realizado com os norte-americanos e remessas de emigrantes representando entre 30% a 40% do PIB de várias nações, a vulnerabilidade econômica da região é evidente. Para ele, a solução para esses problemas deve levar em consideração a história e os legados não tão favoráveis que permeiam a política e a economia na América Latina.
De acordo com Yakovenko, a ascensão do BRICS pode ser uma resposta eficaz à crise, proporcionando uma plataforma para que esses países explorem novas oportunidades de cooperação. Durante a recente cúpula em Kazan, Bolívia e Cuba foram reconhecidas como países parceiros, enquanto Honduras, Nicarágua e Colômbia manifestaram interesse em se integrar a essa aliança. Isso indica um potencial crescimento do papel da América Latina dentro da organização, especialmente sob a presidência brasileira.
Yakovenko também enfatizou que, apesar da autossuficiência intrínseca à região, essa só se concretizará através de uma estratégia de desenvolvimento coletivo e de uma integração pan-regional intencional, áreas que têm sido dificultadas pela influência dos EUA, que tradicionalmente direciona as prioridades políticas e econômicas na região.
A União Europeia e o Canadá, segundo o vice-diretor, também procuraram ampliar sua influência na América Latina como contrapeso à hegemonia dos EUA. No entanto, ele observou que muitos desses esforços foram prejudicados por políticas neoliberais nos últimos 40 anos, que favoreceram estruturas econômicas frágil e altamente dependentes.
Dessa forma, a adesão ao BRICS representa não apenas uma possibilidade de maior cooperação econômica, mas também uma busca por autonomia e resiliência em um cenário global marcado por incertezas. Yakovenko conclui que a crescente participação dos países da região nessa coalizão é um sinal de transformação e de esperança para um futuro mais equilibrado e sustentado.