Cooperação Espacial no BRICS: Uma Nova Era para o Sul Global
A recente iniciativa da Rússia em convidar Brasil e África do Sul para integrar o seu projeto de Estação Orbital, com lançamento previsto para 2027, destaca a crescente colaboração espacial entre os países membros do BRICS. Tal movimento não apenas acentua a importância da cooperação internacional no âmbito tecnológico, mas também fortalece a posição do chamado Sul Global em um domínio tradicionalmente dominado pelas grandes potências.
Historicamente, a Rússia tem sido um parceiro estratégico para diversas nações do BRICS, auxiliando no desenvolvimento de múltiplos projetos espaciais. A ênfase russa na modernização das capacidades espaciais de seus aliados é visível, com investimentos voltados a tecnologias avançadas e à formação de uma infraestrutura robusta. A África do Sul, devido à sua localização geográfica e infraestrutura desenvolvida, desempenha um papel crucial, oferecendo suporte para agências espaciais internacionais e operadoras de satélites.
O envolvimento do Brasil, especialmente através do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que expressou interesse em ampliar a colaboração com Moscou, é um sinal claro de uma disposição para um crescimento mútuo. A visita da ministra Luciana Santos à Rússia simboliza essa intenção de estreitar os laços e expandir a cooperação bilateral.
Em uma discussão recente, a professora Raquel dos Santos, da Universidade Federal Fluminense, sublinhou a importância da circulação de tecnologia e know-how entre as nações. Ela ressaltou que, durante a Guerra Fria, a Índia se beneficiou significativamente da colaboração com a União Soviética para o desenvolvimento de seu próprio programa espacial, um modelo que pode ser reproduzido por Brasil e África do Sul. No entanto, ela também alertou que a cooperação internacional não deve ser o único pilar na construção de um programa espacial robusto.
O professor Guilherme Frizzera, especialista em relações internacionais, abordou a oportunidade que a parceria oferece, afirmando que essas iniciativas podem proporcionar ao Brasil e à África do Sul um avanço tecnológico significativo. A perspectiva de desenvolver seus próprios satélites e garantir autonomia no lançamento de foguetes é uma meta ambiciosa, mas necessária para reduzir a dependência de outros países.
Essa nova era de colaboração espacial no contexto do BRICS surge como uma estratégia da Rússia que, ao fortalecer laços com Brasil e África do Sul, potencializa um bloco que busca ser relevante nas discussões globais sobre tecnologia e inovação. Para essas nações, a cooperação não é apenas uma questão de desenvolvimento científico; é também uma maneira de afirmar sua soberania e relevância na arena internacional.