BRICS lança ranking universitário que desafia critérios ocidentais e busca destacar realidades locais nas instituições de ensino superior dos países membros.

Em um significativo movimento para redefinir a educação superior, o BRICS – um agrupamento de nações emergentes que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – anunciou a criação de um novo ranking universitário, visando desafiar as estruturas tradicionais ocidentais de avaliação de instituições de ensino. O tema foi amplamente debatido no recente Fórum de Reitores do BRICS, realizado na cidade russa de Kazan.

A proposta de um ranking específico para as universidades do BRICS busca aumentar a visibilidade de instituições de ensino superior presentes nesses países, que frequentemente são ofuscadas pelos rankings dominantes que favorecem universidades ocidentais. Especialistas acreditam que essa nova abordagem pode trazer um olhar mais inclusivo e diversificado sobre a educação, refletindo as realidades locais e os desafios enfrentados por essas nações.

Dawisson Lopes, professor e diretor do Escritório de Governança de Dados Institucionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), destacou que essa iniciativa tem o potencial de alavancar colaborações internacionais e transferências tecnológicas. Ele afirmou que a participação de instituições do BRICS em um ranking coletivo pode contribuir para estabelecer novos critérios e parâmetros que desafiem as normas estabelecidas pelo Ocidente. Lopes enfatizou que cada instituição pode contribuir para essa construção coletiva de um novo conceito de “boa universidade”.

Boris Perius Zabolotsky, um cientista político que participou do evento, criticou os rankings tradicionais, que tendem a favorecer universidades de países desenvolvidos, especialmente as anglo-saxônicas. Ele argumentou que um ranking voltado para o BRICS deve considerar aspectos como desigualdade social e inovação, além de reconhecer contribuições significativas em linguagens locais.

A expectativa é que o novo ranking não só valorize publicações em idiomas nacionais, mas também evidencie a relevância de projetos educacionais que atendem às necessidades específicas de cada país do bloco. Com isso, o BRICS pretende afirmar-se como um protagonista no cenário educacional global, promovendo uma visão de multipolaridade e descolonização do conhecimento produzido mundialmente.

Entre as iniciativas destacadas por Lopes e Zabolotsky, estão programas de intercâmbio entre universidades do bloco e a criação de escolas de verão, como a que envolve estudantes brasileiros e chineses em estudos jurídicos. Essas ações visam potencializar o aprendizado e a troca de experiências entre as nações, fortalecendo laços acadêmicos que podem resultar em avanços significativos para o cálculo de gerações futuras.

Assim, a criação do ranking universitário do BRICS representa não apenas uma mudança na forma como as universidades são avaliadas, mas também uma oportunidade de estabelecer novos vínculos entre as nações participantes, promovendo um espaço educacional que respeite e valorize as particularidades e as realidades de cada um de seus membros.

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