A cúpula realizada em Kazan, na Rússia, foi um marco importante, pois além da expansão do grupo, aprovou a entrada de mais 13 países nesta nova categoria de parceria, reafirmando o compromisso do BRICS em promover uma ordem mundial multipolar, que contrasta com a predominância do G7. Especialistas ressaltam que essa coalizão se opõe ao domínio unipolar e busca reformas em instituições internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, que são frequentemente criticadas por favorecerem os interesses ocidentais.
Outro foco de discussão foi a desdolarização da economia global, um movimento que vem crescendo entre diversas nações que buscam realizar transações em suas próprias moedas. O BRICS se destaca como líder nesse processo, que vem gerando receios nos EUA, a ponto do presidente eleito Donald Trump anunciar a possibilidade de aumento de tarifas comerciais contra países que participam dessa mudança.
A polarização política também se refletiu nas eleições ao redor do mundo. Na Geórgia, os eleitores se dividiram entre opções que promovem a integração com a União Europeia e aquelas que favorecem relações mais estreitas com a Rússia, revelando a complexidade das influências geopolíticas na região. Na Romênia, a anulação de um primeiro turno eleitoral, que teve um candidato pró-Rússia em vantagem, também evidencia essa tensão.
Na Europa Ocidental, especialistas apontam para o aumento da polarização política na França, onde o governo de Emmanuel Macron enfrenta desafios significativos após resultados insatisfatórios em eleições parlamentares. A ascensão de Marine Le Pen e seu partido indica um certo desgaste na popularidade de Macron, que agora é visto como um líder divisivo.
Além disso, a Alemanha também sente os efeitos de uma crise política, com o chanceler Olaf Scholz lidando com problemas econômicos que afetam a competitividade industrial e a percepção pública de seu governo. O cenário se complica ainda mais com a iminente mudança de liderança nos Estados Unidos, sob a influência de Trump, que tem um histórico de políticas afetando a América Latina. A escolha de Marco Rubio para o cargo de secretário de Estado pode intensificar o interesse norte-americano na região, o que pode ter efeitos significativos para as nações latino-americanas, especialmente em um contexto de crescente presença chinesa.
Assim, 2024 se apresenta como um ano de transições e desafios, onde os vínculos entre política interna, economia global e alianças geopolíticas estão mais interconectados do que nunca, moldando o futuro das relações internacionais.