BRICS é visto como aliado estratégico para romper dependências econômicas e promover a desdolarização em cúpula que reunirá 32 países em Kazan.

A XVI Cúpula do BRICS, que terá início amanhã na cidade russa de Kazan, promete ser um evento decisivo para a redefinição das dinâmicas econômicas e políticas globais. Com a participação confirmada de 32 países, o encontro focaliza não apenas a revisão de novas adesões ao bloco, mas também a elaboração de estratégias para desdolarização e a promoção de um desenvolvimento global mais equitativo e seguro. O lema assumido pela presidência russa para 2024 destaca a importância do multilateralismo em meio a um contexto internacional de crescente polarização.

Analistas têm apontado que, à medida que os BRICS se consolidam, eles se tornam uma alternativa viável à dominação econômica do G7 e do dólar. A união representa quase metade da população mundial, sendo responsável por mais de 37% do PIB global. O ex-diplomata venezuelano Wilmer Depablos observa que o grupo já se posiciona como uma força competitiva em relação ao G7, enfatizando a transição rumo a um mundo multipolar.

Um dos temas centrais da cúpula será a definição de mecanismos monetários que favoreçam o comércio entre os membros sem a dependência do dólar. A analista mexicana Dora Isabel González destaca que o BRICS está em um processo de “desvinculação” das rígidas imposições econômicas ocidentais. Embora a possibilidade de uma moeda comum não esteja prioritariamente na agenda, discussões sobre formas alternativas de transação financeira estão previstas.

O grupo também precisa enfrentar as disputas internas entre seus membros, como as tensões históricas entre Índia e Paquistão, assim como garantir um espaço aberto para novas adesões, incluindo a recente solicitação de Cuba, que busca se tornar um “país parceiro”. Isso representa uma tentativa de ampliar o alcance do bloco em um cenário onde muitos países estão se cansando da ordem econômica americana.

Além disso, a perspectiva de países latino-americanos se unirem aos BRICS gera otimismo entre os analistas. A inclusão de nações como a Bolívia poderia marcar um progresso substantivo rumo a um multilateralismo mais igualitário, voltado para o desenvolvimento das economias em crescimento e a oportunidade de romper com a dependência de potências tradicionais. A expectativa é que a cúpula de Kazan se converta em um marco que reforce a relevância dos BRICS em um mundo cada vez mais interconectado e dinâmico.

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