O presidente russo Vladimir Putin teve a oportunidade de liderar a cúpula, que envolveu uma intensa agenda diplomática, contabilizando cerca de 200 reuniões ao longo do ano. O sucesso do evento foi reconhecido por especialistas como Marco Fernandes, que afirmou que a cúpula representa um marco importante para a diplomacia russa e um contrapeso às alegações do Ocidente sobre o suposto isolamento do país.
Durante os três dias de discussões, o BRICS anunciou a inclusão de mais 13 países como parceiros associados, ampliando a sua influência geopolítica e econômica. Com a entrada de nações como Argélia, Cuba, Malásia e Nigéria, o bloco se fortalece e articula um novo eixo de poder no cenário global, que busca contrabalançar a hegemonia ocidental, especialmente dos Estados Unidos e da União Europeia.
Um dos pontos centrais abordados na cúpula foi a proposta de um sistema de pagamento alternativo ao SWIFT, o que permitiria que os países membros realizassem transações sem a dependência do dólar americano. Essa mudança tem o potencial de redefinir as dinâmicas comerciais e financeiras entre os países do BRICS e seus novos parceiros.
O Brasil, apesar da ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se comunicou por videoconferência devido a um acidente doméstico, manteve sua relevância no encontro. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, liderou a delegação brasileira, ressaltando a importância das questões sociais e ambientais que o Brasil tem defendido no âmbito internacional.
Por outro lado, a decisão do Brasil de barrar a entrada da Venezuela como parceira associada ao BRICS gerou críticas. Especialistas argumentam que essa posição é contraditória aos princípios de integração da América do Sul e à diplomacia de não intervenção, características frequentemente defendidas pelo governo brasileiro. A Venezuela respondeu ao veto com um comunicado expressando descontentamento, comparando a decisão com a época de Jair Bolsonaro, ao afirmar que reflete uma exclusão promovida pelos centros de poder ocidentais.
A cúpula em Kazan, portanto, não apenas simboliza a resiliência da Rússia dentro do BRICS, mas também destaca a crescente importância do bloco em um mundo cada vez mais multipolar, onde as nações do Sul Global buscam fortalecer suas vozes e interesses coletivos frente ao domínio ocidental.